Spider-Man


Muitas vezes é difícil representar super heróis em um jogo. Os mais sortudos conseguem chegar em algo bom, mas só depois de algumas tentativas, enquanto muitos outros estão até hoje sem receber o jogo que merecem.

Afinal, "com grandes poderes vêm grandes responsabilidades", e muitas vezes as desenvolvedoras não usam o personagem com a responsabilidade que seria necessário.

O jogo do Homem-Aranha da Activision está longe de ser o primeiro jogo do amigão da vizinhança, mas é considerado por muitos o primeiro jogo que realmente captou a essência do herói, então vamos ver como eles se saíram!

Spider-Man

Desenvolvedora: Neversoft

Lançamento: 2000

Plataformas: PlayStation, Nintendo 64, Dreamcast e Windows




A história começa quando um clone do Homem-Aranha ataca um evento do doutor Octavius, roubando a invenção que o cientista estava exibindo, e uma usina nuclear libera um gás que cobre toda a ilha de Manhattan. Peter então precisa descobrir quem está por trás das duas coisas, enquanto a polícia e outros personagens acham que ele realmente é o criminoso que atacou o evento.

O Homem-Aranha tem uma galeria de vilões sensacional - particularmente acho que só perde para o Batman - e a escolha de inimigos aqui é bem feita, incluindo Doutor Octopus, Venom, Carnage, Mysterio, Rhino e Escorpião. São alguns vilões icônicos, outros não tão populares e ainda deixam vários outros reservados para a sequência.

Mysterio, por exemplo, não está entre os grandes vilões do Aranha, mas eu sempre gostei dele por causa desse jogo. É legal ver que a equipe fez um bom uso de um personagem que não é tão conhecido.

Também temos a presença de vários outros personagens do universo Marvel, como Demolidor, Tocha Humana e Capitão América. A ideia em si não é ruim, mas a aparição deles é desnecessária, como se eles só estivessem enfiando o máximo de personagens na história por fan-service.


Esse é o primeiro título 3D do herói e isso abre muitas possibilidades. A equipe aproveitou esse poder dando muita liberdade ao jogador: podemos escalar tudo, pular de prédio em prédio com a nossa teia e com isso o jogo alcança o mais importante, que é fazer o jogador se sentir como o Homem-Aranha.

A gente sabe que as áreas abertas são só alguns prédios e não uma cidade inteira, mas a gente se sente livre para explorar e isso é muito bom. E os poderes são divertidos demais, então é ótimo atravessar o cenário com eles.

Essas áreas abertas são bem comuns no começo do jogo, mas somem a partir de um ponto. É uma pena, pois elas realçam as qualidades do jogo e, por causa dessa ausência, a segunda metade do jogo fica bem menos interessante que a primeira.


Em combate o Aranha tem socos, chutes, alguns golpes especiais com a teia e ainda a possibilidade de jogar objetos nos inimigos. É um sistema simples e envelheceu bastante, mas aproveita bem os poderes dele. Se ficarmos presos aos golpes comuns algumas lutas se tornam bem frustrantes, então é bom aprender e usar todos os truques disponíveis.


E as lutas com os chefões são ótimas! Envolvem estratégias simples, mas bem divertidas de executar. As últimas lutas são cheias de adrenalina e a luta com Mysterio também é muito boa e desafiadora, envolvendo uma versão gigante do vilão.

Depois de zerar temos alguns incentivos para voltar a jogar, como procurar colecionáveis e liberar uniformes, que dão vantagens no gameplay e visualmente são muito legais. Também podemos selecionar um nível específico para jogar ou ir no modo training, que oferece vários desafios de combate e agilidade.


Os personagens têm modelos bem simples, o que não é um problema durante o gameplay, mas fica bem evidente nas cutscenes, principalmente com a Black Cat, que fica abominável nos poucos polígonos. Acredito que se fizessem as cutscenes desenhadas teria ficado mais bonito, pois os storyboards das cenas são mais legais que as cenas reais.

Mas como eu falei, no gameplay isso não chega a incomodar. Nunca vemos os personagens tão de perto e o Homem-Aranha, que é quem mais importa, é o que menos sofre com esse problema.

Isso só acontece no PS1 e N64, a versão de PC e DreamCast foi lançada um ano depois e melhora bastante os modelos.


Já os cenários são bonitos em todas as versões, usando cores vivas e representando muito bem a Nova York dos quadrinhos. As áreas abertas são as que chamam mais a atenção, mas as fechadas também são bem feitas.

Nos ambientes fechados o jogo até toma algumas medidas para evitar que a câmera se torne um problema, como deixar o teto transparente enquanto estamos escalando. Ela não é perfeita mesmo assim e às vezes vai atrapalhar o jogador, mas diante das possibilidade de movimentação acredito que conseguiram suavizar os efeitos.


A trilha sonora cumpre seu papel, mas não é do tipo que você ouviria fora do jogo - exceto pela música da fuga dos helicópteros, essa é bem legal -, já as vozes são todas ótimas, incluindo dubladores da série animada e o próprio Stan Lee narrando a introdução das fases! Ora bolas, isso é bem legal!

E o jogo não se leva a sério, Peter solta algumas piadas no meio do jogo, Venom serve como um alívio cômico e mesmo os outros vilões são mostrados de uma forma mais engraçada. Vez ou outra o jogo força a barra - geralmente quando envolve os outros personagens Marvel - mas no geral isso dá um toque a mais na diversão do jogo.

VEREDITO

PONTOS POSITIVOS
• O jogador se sente como o Homem-Aranha
• Lutas bem legais com os vilões
• Sensação de liberdade nas fases abertas
• Começo do jogo tem missões bem variadas e divertidas
• Muitos uniformes legais para desbloquear
• Ótima dublagem

PONTOS NEGATIVOS
• Outros personagens da Marvel são desnecessários
• Algumas fases não muito inspiradas perto do final
• A câmera atrapalha o gameplay às vezes

Hoje isso pode ser discutido, mas lá em 2000 esse era sem dúvida o melhor jogo do Homem-Aranha já feito. Ele não desperdiça nenhum dos poderes do personagem e entrega ao jogador uma experiência que realmente capta a ideia do herói. E também é um bom jogo de ação no geral, capaz de agradar mesmo quem não liga muito para o Aranha.

Algumas características envelheceram mal, mas a liberdade, a ação e os confrontos memoráveis com os vilões ainda estão lá do jeito que a gente lembra!

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