Driver 2: Back to the streets


Você sentiu falta de curvas redondas em Driver? Pois então Driver 2 veio para resolver seus problemas e fazer o...

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O quê? Você não sentiu falta de curvas redondas em Driver? Como pode ser?

Tudo bem, essa não é a única novidade de Driver 2! Vamos ver o que mais essa sequência trouxe!

Driver 2: Back to the Streets

Desenvolvedora: Reflections

Lançamento: 2000

Plataformas: PlayStation e PC




O alvo da polícia dessa vez é Alvaro Vasquez, um chefão do crime brasileiro que está expandindo os negócios para os States. Essa expansão causa uma guerra com Solomon Caine, um mafioso de Chicago, e é no meio do fogo cruzado que a polícia decide colocar John Tanner no caso, para que suas habilidades no volante possam levá-los ao Vasquez em pessoa.

No geral é uma história mais legal que a do original, com uma trama mais complexa e personagens mais marcantes, mas algo que faz muita diferença é que a animação das cutscenes está bem melhor. Não era algo difícil, pois as cutscenes do primeiro eram medonhas, mas são cenas legais de se ver.


As missões corrigem algumas coisas que o primeiro jogo não fazia tão bem. Sempre começamos em locais diferentes e raramente nosso objetivo é só ir de ponto A a ponto B: às vezes temos que perseguir um carro, seguir alguém sem ser visto, fugir da polícia e etc.

Com isso o jogo fica muito mais variado sem depender tanto da mudança de cenário. Você completa as missões de uma cidade sentindo que poderia fazer ainda muitas outras sem que o cenário se tornasse repetitivo, diferentemente do primeiro jogo, onde trocar de cidade era um alívio.

Os policiais também não ficam patrulhando a cidade em todas as missões, assim não enfrentamos o problema de encontrar uma viatura quando estamos quase no nosso destino e ter que despistá-la a tempo, o que era quase impossível.


Mas, ao mesmo tempo, você deve imaginar que ir de um ponto a outro é mais fácil que seguir alguém ou destruir outro carro, então a dificuldade no geral aumentou. A diferença é que agora são coisas determinadas pelo jogo, não puro azar, então as situações fazem mais sentido e as missões ficam mais divertidas, mesmo que você pene para passar.

Algumas missões não precisavam ser tão difíceis (olhando para você, Chase the Gun Man), mas se você está travado em uma missão complicada é só deixar a história para lá por um tempo e ir para outro modo: o Take a Ride.


Ah, o Take a Ride!

Esse modo já era diversão garantida no primeiro jogo, mas foi aperfeiçoado nesse segundo. O fator crucial para isso é que agora podemos sair de um carro e pegar outro. Qualquer carro da cidade pode ser nosso, desde os esportivos aos ônibus escolares e até viaturas da polícia! Isso eleva absurdamente o número de carros jogáveis e nos dá uma liberdade gigantesca.

Controlar Tanner é esquisito, isso não há como negar, mas o único objetivo que temos a pé é achar um outro carro, então é algo fácil de perdoar. E assim o jogo não perde o foco, dirigir é a única coisa que importa.


O bom é que ao sair do carro (o que só é possível com ele parado e sem uma viatura na sua cola) nós perdemos o nível de procurado, então uma jogatina no Take a Ride pode ser prolongada infinitamente. É só brincar com a polícia até onde você acha que seu carro aguenta, despistá-la e então trocar de carro para repetir o processo.

Eu - e acredito que a maior parte da garotada da época - preferia Driver 2 justamente por essa função. Era uma diversão inigualável ficar dando olé nas viaturas pelas ruas de Chicago, pulando as pontes levadiças e zigue-zagueando entre os postes até elas baterem e depois escolher um outro carro.  E a polícia continua burra como no primeiro jogo, ou até mais, o que também é um dos fatores principais para a tamanha diversão do Take a Ride.

E nem falamos dos carros secretos! Ah, como era legal vasculhar o mapa procurando por eles!


Outra coisa que foi melhorada e faz muita diferença, tanto no modo história como no Take a Ride, é que os mapas das cidades estão bem mais legais. As quatro cidades - Chicago, Havana, Las Vegas e Rio de Janeiro - são maiores, mais vivas e têm muito mais cara de cidade grande, com ruas mais largas, rodovias ao redor do mapa, mais pedestres e etc. E com a questão das curvas redondas os caminhos realmente ficaram bem mais dinâmicos, não é sempre a mesma manobra em 90° enquanto corremos pelas ruas da cidade.

E também não podemos esquecer que ter duas cidades fora dos Estados Unidos deixa os ambientes bem mais únicos, o que se estende aos carros, que em Havana são antigões, e aos policiais falando "AQUI É A POLÍCIA, VOCÊ ESTÁ PRESO" nas ruas do Rio, o que era um detalhe bem divertido!


O controle do carro quase não sofreu alterações e realmente não era necessário, mas agora temos muitas variações, afinal existem veículos de todos os tipos pelas ruas. É bom ver que não deixaram de incluir furgões, caminhões e ônibus só porque precisariam ajustar o handling.

Além do Take a Ride e da história temos os Driving Games, que continuam divertidos mas não chamam tanto a atenção como os outros modos, e o Multiplayer, que tinha potencial mas foi prejudicado pelas limitações do console. O Take a Ride de dois, por exemplo, é limitado a uma pequena área do mapa sem tráfego e ainda não te dá a opção da câmera na terceira pessoa.

Eu até estranhei ver um multiplayer no jogo, pois não tinha a menor lembrança de jogá-lo na infância, mas logo percebi que revezar no Take a Ride realmente seria mais divertido. A ideia de um Take a Ride multiplayer no mapa normal com todo o tráfego e os policiais é sensacional, pena que era impossível implementar tal coisa no PS1.


Graficamente Driver 2 se parece muito com o primeiro, mas por causa das melhorias ele forçou ainda mais os limites do PS1. Isso causa vários momentos de lentidão que incomodam, mas diante do que foi adicionado - em um jogo que já era impressionante - esse problema é até justificável. Eles poderiam ter feito o jogo para a nova geração ou não colocar todas as melhorias, mas entre essas opções ainda prefiro como ficou.

A trilha sonora original continua boa - embora não supere a do primeiro -, novamente recriando o estilo das séries policiais e agora se inspirando também na cultura dos locais representados, o que fica mais notável nas músicas de Havana e do Rio. Também temos a inclusão de algumas músicas licenciadas nas cutscenes, que combinam muito bem com a atmosfera do jogo e deixam esses momentos ainda mais legais.

Os sons também continuam bons, expandindo um pouco o que o primeiro havia feito com todos os tipos de carros e os personagens que falam em outras línguas (os brasileiros têm um sotaque de Portugal, mas a gente perdoa).

VEREDITO

PONTOS POSITIVOS
• Gameplay continua divertido com perseguições alucinantes
• Sair do carro deixou o Take a Ride ainda melhor
• Mapas estão maiores e melhores
• Missões da história são mais variadas e divertidas
• Boa trilha sonora

PONTO NEGATIVO
• Momentos constantes de lentidão

Driver 2 é uma ótima sequência. Ele manteve o espírito do original, melhorou vários aspectos e adicionou ideias que mudam muita coisa. Sair do carro revoluciona a fórmula da série e nos deixa muito perto do padrão de "mundo aberto" que ficou tão popular a partir da geração seguinte, mostrando que o jogo estava à frente de seu tempo.

Uma prova de que a Reflections se superou nessa sequência é que tendo os dois jogos você não vê muitos motivos para jogar o primeiro. Na minha roda de amigos da infância era unanimidade que Driver 2 era bem mais legal e só jogávamos o 1 de vez em quando para variar. Sem dúvida é um grande jogo!

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