Final Fight


Num belo dia, enquanto a equipe da Capcom desenvolvia Street Fighter 2, um dos responsáveis pensou "pros infernos com as lutas justas de um contra um, eu quero mandar trocentos carinhas para o jogador enfrentar!".

Seus colegas concordaram com o devaneio e assim nasceu Final Fight, um dos beat 'em ups mais queridos de todos os tempos! Hora de relembrar esse ícone!

Final Fight

Desenvolvedora: Capcom

Lançamento: 1989

Plataformas: Arcade, SNES, Sega CD e Game Boy Advance




A história se passa em Metro City, uma cidade que era totalmente dominada pelo crime até a eleição de Mike Haggar - um ex-lutador profissional - como prefeito. Haggar planeja transformar Metro City em uma cidade segura, mas uma gangue em especial não quer ceder: a Mad Gear. Eles tentam suborno, mas quando isso falha eles decidem mostrar quem é que manda sequestrando Jessica, a filha de Mike Haggar.

Mas eles não poderiam ter cometido erro maior, pois o prefeito então também decide mostrar quem é que manda. Juntamente com Cody, namorado de Jessica e lutador de rua, e Guy, mestre de artes marciais, eles saem pelas ruas de Metro City decididos a acabar com a Mad Gear, espancando um meliante de cada vez.

Ou um monte de cada vez, é claro, depende de como eles vêm pra cima.


Essa é uma história simples, mas que funciona extremamente bem. Um dos principais motivos é que Haggar é um ótimo personagem, diria facilmente que é o mais legal de todos os beat 'em ups. O cara é ex-lutador profissional, treinou com o Zangief, dispõe de um bigode de respeito, virou prefeito e não perdeu o jeito da pancadaria!

Treinar com o Zangief até foi algo que a Capcom inventou depois, porque o russo na verdade foi criado a partir de Haggar. E servir como base para um dos lutadores mais legais de Street Fighter conta muitos pontos para ele.

E diabos, Metro City elegeu um ex-lutador peso pesado como prefeito! Essa cidade é sensacional!


Mas isso não fica só em Haggar, o jogo todo esbanja personalidade e acredito que nenhum outro jogo tenha feito a ideia de "cidade dominada pelo crime" tão bem quanto Final Fight. Os locais sujos, abandonados e vandalizados, os punks encostados nas paredes esperando briga, tudo isso cria um estilo muito autêntico. Sem falar que o progresso pelos bairros da cidade produz uma sensação muito boa de continuidade, nós sentimos que estamos realmente limpando as ruas de Metro City.

O design dos personagens também é bem icônico e até o visual do Cody, que é bem básico, foi copiado em um punhado de jogos! Isso nem faz sentido!

Vale lembrar também dos personagens menos importantes que se tornaram queridos pelo público. Poison e Hugo Andore são meros inimigos comuns aqui, mas se tornaram imensamente populares e apareceram em vários jogos da série Street Fighter depois. Essa é uma façanha de respeito!


Dentro do jogo temos um botão de ataque, um de pulo e ao pressionar os dois juntos temos um ataque especial que atinge todos ao redor, mas que custa um pouco da saúde.

Simples, não? Essa simplicidade é justamente o que faz o gameplay de Final Fight ser tão atraente, você pega o jeito em segundos e a partir daí é só ir se aperfeiçoando e adaptando sua estratégia aos inimigos.

Mas é claro que, sendo um jogo de fliperama, Final Fight quer o seu dinheiro e não tenta disfarçar isso. Em momentos das últimas fases a tela vai ficar tão estupidamente lotada de inimigos que nem o ataque especial vai te salvar, sem falar de chefões que tiram metade da barra de vida cada vez que você bobear por uma fração de segundo. A gente já espera que a dificuldade seja alta, mas dificultar dessa forma geralmente não é algo legal.

Uma coisa menor que eu também notei é que todos os inimigos são apresentados nas duas primeiras fases e a partir daí eles só se repetem. Não chega a ser um problema, mas faz falta ver algumas caras novas no resto do jogo.


Os três personagens são bem diferentes no gameplay. Hoje isso é algo que consideramos bem básico para um beat 'em up, mas na época não era e Final Fight foi o pioneiro em fazer isso dessa forma. Os personagens têm diferenças na força, no tamanho, na velocidade e em habilidades específicas.

Haggar é lento, grande e pode se tornar um alvo fácil, mas bate forte como um touro e também pode pular com os inimigos depois de agarrá-los, possibilitando um pilão poderoso e humilhante. Guy é mais fraco, mas é muito ágil e pode usar partes do cenário como impulso para voadoras. Já Cody é equilibrado na questão força/velocidade, mas pode golpear inimigos com facas, enquanto os outros podem apenas arremessá-las.

Dessa forma cada personagem tem seus prós e contras e a sensação de jogar com cada um é muito diferente. Alternar entre eles de vez em quando pode prolongar ainda mais a diversão do jogo.


Além das fases comuns temos dois bônus. Um deles é de quebrar vidros e não tem graça, mas o outro é o icônico "quebre o carro", que é bem legal. Afinal resgatar a filha/namorada/namorada do amigo deve ser bem estressante, nada como destruir o carro de alguém para aliviar a tensão!

E não podemos esquecer o co-op, que também é diversão garantida!


Visualmente Final Fight é sensacional, principalmente quando comparado aos beat 'em ups que saíram antes. Os personagens são enormes, os inimigos surgem aos montes e os cenários são muito detalhados e variados. Trechos de uma mesma fases às vezes são bem diferentes, como a fase do metrô, que começa na estação, passa para os vagões, depois para um túnel e finalmente para um ringue de luta com um samurai loucão.

Qual a relação entre o metrô e um ringue de luta eu não sei, mas o que importa é que tem variedade, e a variedade é o tempero da vida!

A parte sonora não é ruim, mas também não chama a atenção. As músicas não são do tipo que você ouviria fora do jogo, mas combinam bastante com a atmosfera, e os efeitos sonoros são bem presentes e variados: golpes com diferentes armas, por exemplo, geram sons diferentes.


Um port para SNES foi lançado no ano seguinte, mas com cortes consideráveis: Guy não é mais um personagem jogável, a fase da área industrial não existe e o multiplayer também não, além de ter o limite de três inimigos na tela. Já os outros ports são mais fiéis ao original, mas naturalmente a versão arcade é a superior.

VEREDITO

PONTOS POSITIVOS
• Cheio de personalidade
• Redefiniu e popularizou os beat 'em ups
• Gameplay acessível e divertido
• Personagens diferentes entre si
• Gráficos detalhados com personagens enormes
• Metro City é um cenário muito legal

PONTO NEGATIVO
• Dificuldade exagerada em alguns pontos

Final Fight não foi o primeiro beat 'em up da história, mas definiu tantas características do gênero que nenhum dos jogos lançados depois seria a mesma coisa sem ele. Ele se tornou um exemplo a ser seguido e com razão, pois é cheio de personalidade, tem um ótimo gameplay e trouxe ideias muito legais para o gênero.

É simplesmente um ícone dos arcades que todos deveriam jogar!

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