Bomberman


Ah, a época em que os gráficos dos jogos eram tão simples que os artistas da capa tinham toda a liberdade para decidir o visual dos personagens. Uma situação complicada, devo dizer, mas que pelo menos gera umas risadas hoje em dia.

No caso de Bomberman vemos que antes de ser um robôzinho fofo ele foi um guerreiro pós-apocalíptico que poderia derreter o coração de Samus Aran e botar alguns Deathclaws para correr.

Mas por mais errado que esse Bomberman possa ser ele ainda é melhor que a versão humanóide fora de forma que estampou uma outra capa, BEM MELHOR. E não dá para dizer que a arte é ruim, na verdade acho muito bem feita.

Mas não estamos aqui para julgar capas, então vejamos logo como é esse jogo!

Bomberman

Desenvolvedora: Hudson Soft

Lançamento: 1985

Plataformas: NES e MSX




Qualquer um que já jogou Bomberman deve se lembrar de como as coisas funcionam: cada fase é um tipo de labirinto com várias paredes que podem ser destruídas com explosões, então colocamos uma bomba, corremos para longe para não morrer e vamos abrindo caminho pelo cenário. Em cada fase precisamos nos livrar dos inimigos e encontrar a saída, que sempre está embaixo de uma das paredes.

As coisas já funcionavam dessa forma nesse jogo e devo dizer que sempre achei o conceito da série Bomberman sensacional. É simples, mas exige estratégia e pensamento rápido, e é extremamente divertido e viciante. Jogos daquela época precisavam muito de uma ideia simples e envolvente e Bomberman fez isso muito bem.

Uma grande diferença em relação a outros jogos da série é que Bomberman é bem lento aqui. Leva um tempo até se acostumar e pode nos trazer algumas mortes chatas: várias vezes eu me adiantei ao movimento dele e fiz uma curva antes da hora, enroscando na parede e sendo detonado por uma bomba.


Outra coisa diferente é que nesse jogo o tão amado multiplayer ainda não existia. O único modo segue o padrão de arcades como Pac-Man e Donkey Kong, que colocam uma enxurrada de níveis e vão aumentando a dificuldade conforme o jogador avança.

Mas em Bomberman a dificuldade diminui ao invés de aumentar. Parece doideira, não? Mas é justamente o que acontece.

Isso porque o jogador pode coletar vários power-ups durante as fases, aumentando o raio da explosão, o número de bombas, a velocidade do personagem e ainda ganhando certas vantagens, como atravessar paredes, escolher quando a bomba vai explodir e etc.

Na maioria esses power-ups são boas adições, mas o jogador vai ganhando mais e mais poder e o jogo não consegue criar um equilíbrio. Na primeira fase você tem um personagem bem lento e uma bomba fraca que precisa ser colocada no momento certo para atingir o inimigo, mas na vigésima fase você tem um personagem mais rápido, explosões enormes e ainda pode sair atravessando paredes e escolhendo quando suas bombas vão explodir. É muito mais fácil morrer (ou deixar o tempo acabar) na primeira fase do que nas últimas.


Claro que ao morrer você perde alguns desses poderes, e muitas vezes você pode simplesmente se explodir sem querer, mas esse é o maior obstáculo para finalizar o jogo. Definitivamente vai acontecer algumas vezes, mas o desafio do jogo não deveria depender de erros bobos do jogador.

E eventualmente você ainda vai encontrar um power-up que te deixa imune às explosões! Você pode sair explodindo tudo sem parar e criando um escudo flamejante ao seu redor! Como algo pode ser uma ameaça depois disso?


Mas a falta de desafio pode ser suavizada se o jogo encontrar outras formas de entreter o jogador, certo?

Certo, mas infelizmente não temos isso aqui. Pouca coisa muda entre uma fase e outra e logo cada fase vai parecer só um repeteco da anterior, o que deixa tudo bem monótono e desinteressante.

Tecnicamente cada fase é única, com o layout sendo gerado aleatoriamente, mas isso não é o bastante: existem poucos tipos de inimigos, a disposição das paredes indestrutíveis é sempre igual, as músicas são sempre as mesmas e até o visual e as cores do cenário permanecem intocadas por todo o jogo! Jogar as 50 fases é como ouvir "O Cão Arrependido" todas as 44 vezes!

Para ser justo existem as fases bônus, onde você é imortal e deve matar o maior número possível de inimigos, mas elas também não são diferentes - nem divertidas - o suficiente para melhorar as coisas.


A parte gráfica fica muito atrás dos jogos da época, principalmente pela falta de variedade que mencionei. Acredito que no mínimo o jogo deveria ter variações de cor nos cenários, mas nem isso temos, então o visual fica bem simplório.

Já a parte sonora segue bem o padrão da época. A música das fases se repete infinitamente, mas é divertida, e os efeitos sonoros das bombas são bem legais.

VEREDITO

PONTO POSITIVO
• Conceito simples e divertido

PONTOS NEGATIVOS
• Dificuldade diminui durante o jogo
• Fases repetitivas e monótonas
• Gráficos simples demais
• Gameplay lento

Bomberman é uma grande série, mas esse foi um começo bem fraco. O excelente conceito e muitas coisas que fazem parte da série estão lá, mas ainda não é o Bomberman que amamos.

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