Destroy All Humans!


As consequências de uma invasão alienígena seriam bem desastrosas. Imagine só a população aterrorizada, escravizada ou dizimada, os nossos recursos roubados e o nosso belo planeta azul sendo tomado por seres de outro planeta. Um destino cruel sem nenhuma esperança para a humanidade.

Mas por um lado seria bem divertido!

Qual lado seria esse, você pergunta? O lado dos invasores, oras! Criar o caos é sempre divertido!

Destroy All Humans!

Desenvolvedora: Pandemic

Lançamento: 2005

Plataformas: PlayStation 2 e Xbox




Os invasores são os Furons e, como você deve imaginar, eles não têm planos muito bons para a humanidade.

Eles dependem de clonagem para sobreviver, mas a clonagem danifica o DNA e a cada clone a situação piora. Eles descobrem então que cada humano possui um pouco de puro DNA Furon (resultado de algum caso de amor entre Furons e humanos num passado muito distante), o que pode solucionar esse problema.

Só o que eles precisam fazer é estourar cabeças humanas e coletar seus cérebros! Um trabalho sujo, mas que alguém tem que fazer!

O responsável por isso era Crypto-136, mas ele sofre um acidente e perde o contato com a nave mãe, então Crypto-137 é enviado à Terra para continuar o trabalho, descobrir o que aconteceu com o 136 e, de quebra, anexar o planeta ao império Furon. Crypto quer mais é destruir toda a humanidade de uma vez, mas Pox - seu superior - é mais racional e faz com que ele siga seu plano.

Essa personalidade caótica de Crypto é legal por vários motivos. Faz dele um personagem divertido, cria diálogos engraçadíssimos entre ele e Pox e além disso combina perfeitamente com o tipo de coisa que o jogo nos incentiva a fazer, o que é muito bom!

Digo, não é chato quando o gameplay é de um jeito e o personagem é totalmente diferente nas cutscenes? Aqui isso não acontece e todo o caos que causarmos entre uma missão e outra vai combinar perfeitamente com a personalidade deturpada de Crypto.


Para a invasão contamos com diversos truques, começando pelo armamento Furon: arma de raios, desintegrador, bombas de íons e sondas anais.

...
Sim, é isso mesmo. A vítima sai correndo segurando a própria bunda até explodir de tanta dor.

E você achava que Saints Row era doido! HA!

A sonda é a arma menos eficaz no combate, embora seja a mais prática para a coleta de DNA. Já as outras são muito legais de se usar e capazes de criar um caos considerável nas ruas, mas não são indicadas para a coleta de DNA, principalmente no caso do desintegrador e da bomba de íons que não deixam nada da vítima para trás.

O único ponto negativo que eu vejo nas armas é que são apenas quatro, um número consideravelmente limitado. Fora isso é um sistema simples, mas que cumpre bem seu papel e diverte bastante.


Também temos nosso fiel disco voador, que tem um poder de destruição muito maior e pode acabar com quarteirões inteiros sem dificuldades. Com ele também é mais fácil desviar dos ataques inimigos, mas por outro lado ele não se regenera como Crypto.

Um ataque único no disco é o Abducto Beam, que nos permite tirar as coisas do chão e carregá-las pelo cenário. A princípio não gostei muito dessa função, já que não é possível de fato abduzir pessoas para dentro da nave, mas depois percebi como é divertido pegar carros e tanques de guerra e carregá-los batendo em tudo que aparece no caminho.


Esses dois tipos de gameplay são bem diferentes, mas se completam muito bem e são usados de forma equilibrada na história. Diabos, mesmo jogando sem um objetivo é comum ficar alternando entre eles, então dá para dizer que juntaram muito bem cada mecânica.

O jogo também usa um sistema de "procurado" como o de GTA, colocando forças cada vez maiores contra o jogador. Tanques de guerra e robôs militares podem ser destruídos com a bomba de íons, mas nesse ponto é mais fácil apelar para a nave de uma vez.

Só o que faz falta é um comando para "chamar" a nave até o jogador (ou se teletransportar até ela, daria no mesmo), pois ter que atravessar longas distâncias até ela é algo que acontece bastante e geralmente é cansativo. Outra coisa que me incomodou a princípio é que não podemos pousar em qualquer lugar, apenas em pontos específicos, mas eventualmente surgem mais locais de pouso e o problema é suavizado.


Por fim temos alguns super-poderes: podemos ler mentes, hipnotizar pessoas, usar telecinese e até tomar forma humana para não ser notado. A telecinese pode ser útil em várias lutas, mas ainda assim esses poderes são bem menos caóticos e servem como um tipo de stealth.

O sistema de disfarce também é bem simples: tomar a forma de uma dona de casa ou de um soldado do exército, por exemplo, não vai causar nenhuma diferença na reação dos outros personagens. Os movimentos de Crypto também são limitados enquanto ele está disfarçado, então realmente só serve para andar pelo cenário sem causar problemas, o que é muito necessário em várias missões da história.


As missões, aliás, são ótimas! A história se passa em 1959, Pox e Crypto não entendem nada do estilo de vida dos humanos e vão descobrindo conforme esbarram na Guerra Fria, em teorias da conspiração, na manipulação das massas e eventualmente em uma agência de homens de preto que pretende defender os Estados Unidos de qualquer raça alienígena.

Essa sátira da época e dos Estados Unidos é executada muito bem e cria inúmeros diálogos e situações engraçadas. Invadir um festival de caipiras para sequestrar a miss da cidade, sabotar um cinema para hipnotizar os espectadores e tentar assassinar o presidente são só algumas das coisas que fazemos na doida história do jogo.

E a habilidade de ler mentes também é uma fonte de piadas. Enquanto Crypto está disfarçado ele perde energia e para recarregá-la precisamos ler algumas mentes, então ouvimos muitos pensamentos aleatórios, desde soldados revoltados com suas ordens até pessoas que esqueceram onde moram.

Eventualmente as frases se repetem, é claro, mas ainda assim a variedade delas é surpreendente. Mesmo depois de horas jogando é possível encontrar pensamentos que ainda não havíamos ouvido.

As missões secundárias não são legais como as principais, na verdade são básicas demais. Mate alguns humanos, faça um percurso em certo tempo e coisas do tipo, acabam não empolgando e o único motivo para completá-las é a bela recompensa em DNA.


Visualmente Destroy All Humans! não é nada inovador, mas isso é totalmente proposital.

O jogo orgulhosamente se inspira em filmes clássicos de alienígenas e dá para ver que a equipe se divertiu muito replicando os clichés. Crypto é um típico alien magro e cabeçudo e sua nave é um disco voador clássico, mas mesmo em cima dessa base padrão o jogo tem muito charme. Particularmente acho o disco voador e a nave mãe muito bonitos!

A parte técnica também é boa e o jogo tem um visual vibrante e colorido, mas não chega a ser cartunesco. O único defeito fica no draw-distance, pois em certos mapas é comum ter partes do cenário surgindo bem diante dos nossos olhos, às vezes perto demais de Crypto.

A trilha sonora também se baseia nos filmes e complementa muito bem o clima que eles queriam dar ao jogo. E por fim a dublagem é excelente, o dublador de Crypto parece até o Jack Nicholson, o que deixa o personagem muito divertido, e os outros dubladores também fazem um ótimo trabalho, ainda mais considerando que todos os pensamentos que lemos também são dublados.

VEREDITO

PONTOS POSITIVOS
• Criar o caos é extremamente divertido

• Crypto é um personagem divertido e combina com o estilo de jogo
• Missões da história nos colocam em situações insanas
• Diálogos engraçados por todo o jogo
• Replica muito bem o visual clássico dos filmes
• Ótima dublagem e trilha sonora

PONTOS NEGATIVOS

• Poucas armas
• Missões secundárias são básicas
• Pop-up de certos objetos no cenário

• Atravessar longas distâncias a pé é cansativo

Eu devo dizer que fiquei bem interessado em assistir filmes antigos de alienígenas depois de jogar Destroy All Humans!. Talvez nem assista, mas só ter ficado com vontade já prova que o jogo homenageou muito bem o gênero!

As mecânicas do jogo não são tão sofisticadas, mas ele é extremamente divertido e é isso que importa. As missões da história sempre nos surpreendem com situações engraçadas e criar o caos é diversão pura, seja dentro ou fora das missões. Invadir um planeta nunca foi tão legal!

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