Taz-Mania


Quem acha que Crash Bandicoot é o único marsupial que gosta de rodopiar por aí e tem problemas de fala está muito enganado! Taz, o diabo da Tasmânia, já estava na ativa uns 40 anos antes do bandicoot e também chegou antes nos games, estreando no Atari em 1983.

Um péssimo começo, mas essa é outra história.

Na década de 90 Taz estrelou sua própria série e a Sega viu potencial para criar um jogo de plataforma, afinal naquela época TUDO QUE EXISTIA podia virar um platformer!

Então sigam-me os bons e vejamos se é um bom jogo!

Taz-Mania

Desenvolvedora: Recreational Brainware

Lançamento: 1992

Plataformas: Mega Drive




Durante uma conversa rotineira, o pai de Taz conta que num passado distante a ilha da Tasmânia era habitada por pássaros pré-históricos tão gigantescos que apenas um de seus ovos poderia alimentar uma família por um ano. Ele também conta que, segundo uma lenda, esses pássaros ainda existem, escondidos em algum canto da ilha.

Essa pequena possibilidade é o suficiente para Taz, que sai de casa na mesma hora em busca dos lendários ovos e assim nossa aventura começa.

Sim, Taz vai simplesmente vagar pelas ilhas sem ter a menor pista de onde podem estar os ovos, ou mesmo se eles existem. Ele é um diabo determinado, ora bolas!

E burro também, é claro.


Além de andar e pular, como em qualquer platformer, Taz também pode rodar por aí como nos desenhos e essa é sua principal forma de ataque. No modo tornado Taz fica invencível, mas também fica muito mais veloz e praticamente incontrolável, então é algo a se usar com cuidado.

Muitos até reclamam da falta de controle nesse modo, mas acredito que faz sentido. Não dá para deixar o jogador atravessar a fase com essa invencibilidade, então isso cria um limite.

Um problema mais real é que o sistema de pulos é péssimo, o que atrapalha muito no começo.


Outra parte muito fiel aos desenhos é que Taz devora qualquer coisa que ver pela frente. Frangos, pimentas, galões de água, inimigos, bombas e até ícones de vida! Diabos, ele come até mesmo o "S" da Sega!

Só de ver Taz literalmente engolindo ícones de vida já é algo bem engraçado, mas toda essa comilança também tem efeitos no gameplay: ao comer pimenta Taz pode cuspir fogo, o que é ótimo contra os inimigos, mas ao comer uma bomba ela explode na barriga do Taz e isso tira metade da barra de vida.

O jogo só é meio sacana ao colocar bombas nos piores locais possíveis. Na segunda fase algumas delas ficam logo abaixo de certas quedas, então assim que chegamos ao chão Taz já está comendo a bomba, o que dá uma certa raiva. Outra bomba da segunda fase está escondida atrás de uma parte do cenário, o que é uma mancada ainda maior. Não dá para distinguir quais partes do cenário estão na frente ou atrás do Taz, muito menos imaginar que pode existir algo escondido ali!


Isso acontece às vezes com outras coisas também, criando um sistema de tentativa e erro que pode ser bem frustrante. Digo, é um jogo com vidas limitadas, ficar matando o jogador por bobeiras que ele não pode prever e não tem tempo de reagir é a pior forma de aumentar o desafio.

A fase da mina, por exemplo, é um exemplo-mor desse problema. Aqui entramos num carrinho de mineração e precisamos desviar dos obstáculos do caminho, mas o sprite de Taz e do carrinho são grandes na tela e não dá para ver quase nada na nossa frente, o que nos obriga a decorar todos os obstáculos da fase.

Hoje existem save states e você pode jogar infinitamente a mesma parte, mas imagina ter que jogar metade do jogo novamente a cada game over até decorar os padrões. Acho que a maioria dos jogadores na época nem viu o que existia depois dessa fase.


Outro problema do level design são os constantes "saltos de fé", quando não vemos a próxima plataforma e precisamos pular sem ter ideia do que vai acontecer. Às vezes é difícil escapar disso, mas em Taz-Mania a maioria dos pulos são assim e isso incomoda demais.

Fora isso o jogo tem um level design razoável, com caminhos que não são tão diretos e que exploram bastante a verticalidade dos cenários, mas os saltos de fé realmente são um grande problema e acabam ofuscando essas qualidades.


Um ponto forte do jogo são os belos visuais, algo que marcou quase todos os jogos Looney Tunes do Mega Drive. Os cenários são cheios de cor, Taz tem um sprite grande e bem-feito e os inimigos geralmente são bons, embora alguns sejam estranhos.

O que mais me incomodou é que as plantas carnívoras quase se camuflam no cenário da selva, mas pelo menos é algo que só acontece com elas.


Já a parte sonora do jogo não é boa. Algumas músicas são típicas de um jogo de plataforma, mas outras são bem irritantes (como essa) e isso é piorado por efeitos sonoros bem agudos.

Pulos e aterrissagens, por exemplo, têm seus efeitos sonoros específicos, mas não são naturais e incomodam bastante. Existem outros efeitos ruins ao longo do jogo (diabos, o inimigo de pedra da primeira fase ataca com um som bem irritante), mas o dos pulos naturalmente é o mais presente no gameplay e o que mais incomoda.


Aliás, uma última observação: no final do jogo encontramos o tal pássaro gigante (não parece pré-histórico, mas é gigante), mas esse ovo definitivamente não é nada gigante e de jeito nenhum poderia alimentar uma família por um ano! Diabos, acho que o Taz poderia devorá-lo de uma vez!

Pelo jeito seu pai é um grande mentiroso, Taz.

VEREDITO

PONTOS POSITIVOS
• Girar e devorar coisas é divertido

• Belos gráficos

PONTOS NEGATIVOS
• Muita tentativa e erro
• Saltos de fé constantes
• Músicas e sons irritantes
• Péssimo sistema de pulo

O gameplay básico de Taz-Mania tem potencial, apesar de seus defeitos, principalmente porque a equipe conseguiu implementar o tornado e a fome de Taz de uma forma interessante. Mas as falhas do level design são graves e ofuscam as qualidades do jogo, transformando boa parte dele numa grande frustração.

Definitivamente não é um jogo recomendado, mesmo para quem é fã do Taz.

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