Grand Theft Auto III


Nossas vidas são pacatas e pacíficas, então jogar vídeo game na maior parte do tempo envolve coisas que nunca faríamos de verdade, como matar monstros para salvar o mundo, espancar punks nos becos da cidade ou pular plataformas flutuantes que desafiam a lei da gravidade.

Claro que também temos a chance de ser mau e simplesmente criar o caos no mundo do jogo. Afinal, como diria o Megamente, "o mal é mais legal".

E qual série melhor que GTA para falar de todas as maldades que já fizemos nos games? A Rockstar aguenta a chatice dos jornais sensacionalistas e das donas de casa revoltadas há mais de 20 anos, então é hora de falar um pouco dessa grande série!

Grand Theft Auto III

Desenvolvedora: DMA Design/Rockstar North

Lançamento: 2001

Plataformas: PlayStation 2, PC e Xbox



Geralmente eu começo as análises falando da história, mas deixemos ela para depois, afinal o ponto mais forte da série GTA sempre foi dar liberdade ao jogador e foi com GTA 3 que a Rockstar acertou em cheio essa questão.

O cenário é Liberty City, uma metrópole baseada em Nova York e dividida em três ilhas. Após uma pequena missão nós podemos simplesmente esquecer da história do jogo e explorar uma das ilhas como bem quisermos, seja atropelando velhinhas, socando sujeitos mal-encarados, encostando na polícia e fugindo loucamente ou mesmo tentando ganhar um dinheiro limpo trabalhando como taxista.

Claro que você precisa roubar um táxi, mas fora isso é um dinheiro totalmente limpo.


Liberty City é um ótimo cenário porque não é um simples mapa de ruas e prédios, é um mundo dinâmico onde você pode interagir com as coisas de uma forma nunca antes vista. Os dias passam dentro do jogo, o clima varia e as nossas ações geram consequências, seja com motoristas bravos tentando recuperar seu veículo roubado ou mesmo com as perseguições policiais, que são divertidas pra caramba.

O controle dos veículos é leve e muito longe de ser realista, mas agrada bastante e só dirigir pelas ruas da cidade já pode ser o suficiente para nos entreter por muitas vezes. Ao começar o jogo decidi fazer algumas missões de táxi e diria que fiquei um tempo considerável nelas até decidir fazer outra coisa.

A variedade de veículos é enorme e a diferença entre eles é muito bem feita. Existem carros de passeio, SUVs mais robustos, esportivos velozes e um monte de veículos de serviços, como ambulâncias, caminhões de lixo e de bombeiros. Conforme liberamos as ilhas os carros mais velozes ficam mais comuns e nesses momentos é quase natural pegar um deles para sair correndo e testar seus limites.


Outra parte importante no gameplay é o tiro, mas essa parte não envelheceu bem. A mira trava nos inimigos, mas ainda assim é uma mecânica estranha que é difícil de se acostumar, e com as armas que exigem mira manual fica ainda mais complicado. Muitas das vezes em que era preciso matar um inimigo eu preferia simplesmente usar um carro.

Mas, apesar disso, existem armas bem divertidas para criar o caos, com destaque para o lança-foguetes e o lança-chamas! Diabos, explodir carros e helicóteros da polícia é divertido demais!


E também não podemos esquecer do tanque de guerra, que também é sensacional. Desde o desafio de conseguir um (ok, você pode usar códigos, mas roubar um é muito mais emocionante) até a satisfação de sair invencível pelas ruas da cidade, ele é uma das partes mais divertidas do jogo.

GTA simplesmente tem muitos meios diferentes de divertir o jogador, é como se fossem vários jogos condensados em um grande pacote. São horas e horas para terminar a história e muitas outras caso queira fazer 100%, mas jogar sem nenhum objetivo também dá certo e o potencial disso é infinito.


E já que falamos da história, nosso personagem é Claude, um criminoso que foi traído pela namorada e cúmplice durante um assalto a banco. Ela deu um tiro nele e o deixou para morrer, mas Claude sobrevive e então deseja se vingar. Só que ele é mudo, não pergunta pra ninguém do paradeiro da garota e então só fica recebendo trabalhos de outros criminosos até que eventualmente seus destinos se cruzam novamente.

Pois é, a história de GTA III poderia ser bem melhor. A gente entende que o conceito de protagonista mudo era uma mentalidade comum na época, mas diria que a maior falha é que a motivação de Claude só afeta realmente a narrativa nas últimas missões.


Mas as missões em si são divertidas. Claro que existem exceções, afinal são dezenas e não dá para acertar em todas, mas no geral elas são boas e exploram bem as mecânicas do jogo. Começam com objetivos simples de ir de um ponto a outro, mas conforme avançamos elas ficam mais elaboradas e existem várias situações bem interessantes.

Eu só diria que falhar uma missão é algo um tanto frustrante, pois não temos um "tentar novamente" e precisamos fazer todo o caminho de volta ao ponto inicial da missão e só então recomeçar. E é ainda pior quando morremos ou somos capturados, pois perdemos as armas e então temos que encontrar uma loja para repor o arsenal.

Aliás, uma falha besta que afeta bastante é que não temos um mapa da cidade, apenas o mini-mapa que fica sempre na tela, então não dá para ver qual é o melhor caminho até nosso destino e nem mesmo a localização das lojas/funilarias, o que nos obriga a decorar exatamente onde elas estão.

A cidade não é gigantesca e eventualmente vamos decorando bem as ruas, mas não tem porquê colocar essa barreira.


Visualmente o jogo é bom. Envelheceu bastante nos modelos dos personagens e em certas coisas do cenário, como as árvores, mas era 2001, o início da vida do PS2, e o mundo aberto justifica bem esses defeitos.

Liberty City tem um tamanho considerável, é cheia de pessoas e carros e tem um sistema de dia/noite e clima, então diria que a Rockstar fez um excelente trabalho. E esse visual característico é o mesmo que vemos em Vice City e San Andreas, mesmo sendo meio grosseiro e não sendo nada realista ele tem um charme nostálgico.


A trilha sonora complementa bem o jogo, com as músicas surgindo apenas através das estações de rádio. A seleção de músicas não é tão interessante, salvo algumas exceções, mas elas embalam bem nossas ações no jogo e com o tempo vamos gostando delas. Atropelar pessoas ao som de Mozart ou fugir da polícia ao som de Push to the Limit é simplesmente bem legal.

E a dublagem é muito boa para os padrões da época! É até estranho que tenham deixado Claude mudo no meio, pois os outros personagens são muito bem dublados.


VEREDITO

PONTOS POSITIVOS
• Revolucionário para os jogos de mundo aberto
• Liberdade enorme com muitas coisas para fazer
• Liberty City é grande, dinâmica e viva
• Controle dos carros é leve e divertido
• Criar o caos e fugir da polícia é sensacional
• Conteúdo para muitas horas de gameplay
• Ótima dublagem


PONTOS NEGATIVOS
• Mecânicas de tiro são estranhas
• Falta de um mapa e complicação para refazer missões
• Motivação de Claude só afeta a história nas últimas missões


GTA 3 revolucionou o mercado e os jogos de mundo aberto seguem suas influências até hoje. Claro que ele comete alguns erros, como é comum para títulos revolucionários, mas eles são mínimos quando comparados à qualidade geral e à diversão que temos ao jogar.

A liberdade dada ao jogador era algo nunca visto e o jogo tem muito conteúdo, com dezenas de missões da história e dezenas de missões e atividades secundárias. Juntando isso com o fato de que simplesmente "zoar" pelo mapa já é divertido, temos um grande clássico que vale a pena conferir mesmo depois de tanto tempo!

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