Burnout


Engraçado como pegamos algumas séries no meio e nunca nos importamos em jogar seus antecessores. Eu sempre considerei Burnout 3 O MELHOR JOGO DE CORRIDA QUE JÁ FIZERAM, mas nunca fui atrás do primeiro ou do segundo jogo para ver como era.

Acho que fiquei com um pé atrás na época porque eles eram publicados pela Acclaim e não pela EA (qualé, a EA era uma empresa bem legal naquela época), mas eles já eram desenvolvidos pela Criterion, então acho que foi um erro não dar uma chance.

Sendo assim é hora de corrigir esse erro! Sigam-me os bons!

Burnout

Desenvolvedora: Criterion Games

Lançamento: 2001

Plataformas: PlayStation 2, Gamecube e Xbox



Eu não gosto muito de comparar jogos com seus sucessores, afinal é um tanto injusto, mas o fato é que eu esperava muito mais caos e destruição desse primeiro Burnout. O jogo ainda não focava em destruir os adversários ou criar o caos, apenas em dirigir perigosamente.

O perigo, no caso, vem quase que por completo do tráfego. As corridas se passam em cidades ou rodovias lotadas de carros, caminhões e ônibus andando lentamente em suas rotinas, enquanto nós passamos correndo por eles. O espaço geralmente é grande o suficiente para desviarmos, mas em alta velocidade as batidas vêm aos montes, sem falar quando ônibus e caminhões surgem em cruzamentos, deixando uma fração de segundo para desviarmos.


E o que o jogo menos quer é que você seja cuidadoso, na verdade ele dá recompensa em turbo para ações arriscadas, como andar na contramão ou tirar uma fina de outros carros.

O turbo que ganhamos só pode ser usado quando a barra está cheia e tem que ser de uma vez, mas se você continuar se arriscando durante o uso vai receber novamente metade ou toda a barra de turbo, criando um combo.

A ideia é super legal, mas não gosto muito da execução. Encher a barra demora, bater nos faz perder quase tudo e é bem difícil conseguir um combo, então os momentos de turbo se tornam raros.


Outra coisa que pode incomodar um pouco é o famoso "rubber-banding", quando os adversários correm mais ou menos de acordo com o jogador.

É um sistema útil que muitos jogos usam, pois serve tanto para dar mais chances ao jogador como para manter o desafio, mas em Burnout é um tanto frustrante estar indo muito bem e perceber que os inimigos continuam perto, principalmente porque a qualquer batida eles podem te ultrapassar. E as corridas são mais longas que o usual, então é bem chato quando perdemos uma corrida por causa de um deslize (ou puro azar) perto do final.

Mas, exceto por esses dois problemas, o gameplay é bom, bem característico dos jogos de corrida arcade da época. A sensação de velocidade também é boa, não é tão insana quanto nos jogos seguintes mas ainda assim é um ponto positivo.


Na parte técnica o jogo não impressiona, mas é bom. Os gráficos são bonitos para o início da geração, com muitos carros na pista e bons efeitos de batida, tanto que o jogo dá replay em três ângulos diferentes sempre que acontece e ainda podemos salvar esses replays depois da corrida.

Os efeitos de iluminação são outro destaque, com corridas que se passam em diferentes horas do dia.

A parte sonora também não deixa a desejar, tanto no som dos carros como na trilha sonora, que é totalmente original. É um tanto cliché, acho que poderíamos colocá-la em qualquer jogo de corrida antigo e combinaria da mesma forma, mas serve bem para complementar as corridas.


A parte principal do jogo é o campeonato, que funciona da forma tradicional nos colocando em eventos com várias corridas (ou uma bem longa), mas fora ele temos as corridas avulsas, desafios de tempo, sobrevivência (onde não podemos bater), corridas contra apenas um adversário e também um modo de passeio, sem nenhum tráfego. Ainda não existiam os eventos Crash e Road Rage, que são sensacionais, mas ainda assim o jogo oferece muitos modos diferentes.

Ainda assim ele não é o tipo de jogo que te prende por horas e horas, é muito mais natural jogar algumas corridas casuais do que ficar se aperfeiçoando por longas jogatinas.

Isso não é necessariamente ruim, mas acredito que acontece porque ele não tem nenhuma característica muito especial ou uma personalidade forte, é apenas um jogo competente que diverte por algumas corridas mas não é tão cativante quanto poderia ser.

Digo, eles fizeram muito bem a questão do tráfego e é desafiador desviar dos carros em alta velocidade, mas mesmo na época não era algo inovador. Se você procurar um gameplay de "Thrill Drive", lançado nos fliperamas em 1998, vai perceber que esse primeiro Burnout é muito parecido, o que certamente conta pontos contra ele.

VEREDITO

PONTOS POSITIVOS
• Bom controle do carro
• Desviar do tráfego é desafiador e divertido
• Gráficos e sons bem feitos


PONTOS NEGATIVOS
• Não tem personalidade
• O sistema de turbo não é bem executado

• Rubber-banding às vezes é frustrante

Burnout consegue divertir, mas é um começo simples e bem genérico.

Muita coisa que se tornou sinônimo da série só veio nas sequências, como os takedowns e os eventos Crash, então esse primeiro jogo não tem muita personalidade, mas ainda assim é divertido e desafiador, implementando muito bem o tráfego como o principal inimigo do jogador.

Para os grandes fãs de Burnout vale a pena pela curiosidade e para os fãs de corrida old school pode ser legal conhecer mais um do gênero, mas em outros casos eu diria que você pode pular esse sem nenhum problema e partir para as outras edições dessa grande série!

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