Quem jogou lembra: o impacto do primeiro colosso
Shadow of the Colossus é o meu jogo favorito de todos os tempos.
Foram dezenas de horas jogando e rejogando o jogo no PS2, mais dezenas lendo sobre ele e escrevendo no Forbidden Lands, além de várias outras horas na versão HD do PS3 e algumas no remake do PS4. Eu ainda não sei quando vou escrever uma análise dele, afinal é uma responsabilidade, mas hoje vou tomar um tempo para falar do momento que na minha opinião é o mais memorável do jogo e um dos mais memoráveis dos games: o encontro com Valus, o primeiro colosso.
Para começar, não são muitos jogos que colocam um gigante com mais de 20 metros como primeiro adversário do jogador.
Claro que esse efeito surpresa depende da sua ignorância em relação ao jogo, pois se você já havia visto trailers ou imagens já saberia o que esperar, mas no meu caso veio com todo seu potencial. Eu não sabia nada do jogo, um amigo simplesmente o trouxe até minha casa e, graças à pirataria do PS2, eu nem mesmo tinha uma capa para olhar antes de jogar, apenas um DVD com "Shadow of the Colossus" escrito à mão.
Então eu fui totalmente no escuro. Montei em Agro, segui a luz como o jogo diz e ao chegar no local da batalha fiquei estupefato! Quando a cutscene começa a única coisa que cabe na tela é o pé do monstro! Como diabos podemos matar algo assim?
A entrada do colosso é sensacional por si só. Ela começa e acaba sem conseguir mostrar todo o colosso, mas mostra muito bem a sua magnitude com o estrondo dos passos e o tremor das árvores. É quase um "bem-vindo ao Jurassic Park", com a única diferença de que nós vamos ter que matar o titã à nossa frente.
De fato, uma das partes mais fantásticas de Shadow of the Colossus é que os inimigos não são simplesmente gigantes, mas você realmente se sente minúsculo diante deles.
Inimigos gigantes existem aos montes nos jogos (God of War 3 tem o Cronos, Asura's Wrath tem o Wyzen que é DO TAMANHO DE UM PLANETA e etc), mas usar um protagonista super forte ou lutar através de Quick Time Events não cria uma situação tão intensa de inferioridade. Shadow of the Colossus, por outro lado, consegue isso muito bem.
Wander é um cara comum. Jovem, inexperiente, até desajeitado, possuindo apenas uma espada e um arco, então matar um gigante é um desafio tão grande para ele quanto seria para qualquer um de nós.
Valus nem mesmo nota a nossa presença ao aparecer, ele simplesmente continua andando, então a luta não começa com um ataque. A cutscene acaba e o jogador está lá parado, longe do colosso e com tempo de sobra para contemplá-lo e pensar no desafio.
O jogo poderia começar a luta com um ataque do colosso e construir uma adrenalina rapidamente, como faz em lutas que vêm depois, mas prefere deixar algo bem calmo para que o jogador processe toda a informação. E é o jogador que precisa ter a iniciativa de ir até o colosso para enfrentá-lo, mesmo parecendo uma luta impossível, o que também é uma experiência marcante.
Esse pequeno ponto ainda ganha um significado bem maior quando compreendemos o contexto da história.
Wander quer matar os colossos para ressuscitar sua amada, o que podemos considerar uma causa nobre, mas os colossos não são maus e matá-los trará consequências terríveis sobre o mundo do jogo, então nossa missão é totalmente irresponsável e nossas vitórias não são realmente um motivo para comemorar.
Quando a luta começa não existe nenhuma música, apenas o sinistro som da atmosfera das Forbidden Lands e os estrondos de cada passo de Valus, mas quando eles nos nota a música Grotesque Figures entra em cena, provavelmente acompanhada de um ataque com a clava, e a batalha realmente começa!
Eventualmente descobrimos a forma de subir no colosso, a música muda para The Opened Way e então as mecânicas de escalada do jogo começam a brilhar. A vulnerabilidade de estar pendurado e balançando enquanto o colosso tenta nos tirar de suas costas é sensacional, ainda mais quando vemos nossa stamina - ainda muito pequena nesse início de jogo - quase acabando.
Uma das animações que Wander tem durante as "turbulências" deixa ele pendurado por só uma mão, algo que parece bem crítico quando estamos jogando pela primeira vez. Até mesmo os momentos em que Wander rolava pelos ombros do colosso também ficaram bem gravados na minha memória.
Ao vencer, então, quando estamos felizões por ter matado o gigante, o jogo nos "recompensa" com uma música melancólica, tentáculos sinistros que nos atingem logo depois e uma sombra ainda mais sinistra observando nosso corpo inconsciente na Shrine of Worship. Diabos, essa é uma ótima forma de quebrar nossa comemoração e nos deixar desconfiados do que realmente está rolando na história!
E é por esses motivos eu sempre vou lembrar da primeira luta de Shadow of the Colossus! O momento mais memorável de um jogo cheio de momentos memoráveis!
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