Grand Theft Auto: Vice City


Em 2001 a Rockstar lançou GTA III, que foi um tremendo sucesso, colocou a série num novo patamar e é lembrado até hoje como um dos jogos mais revolucionários e influentes da história.

Então em 2002 colocaram mais um capítulo na saga, o Vice City. Em um ano eles naturalmente não conseguiriam entregar outro título revolucionário, mas mesmo assim Vice City é lembrado com muito carinho e ainda é o GTA favorito de muitos, então hoje é dia de conferir de onde vem tamanha popularidade!

Grand Theft Auto: Vice City

Desenvolvedora: Rockstar North

Lançamento: 2002

Plataformas: PlayStation 2, Xbox e PC


Esse novo capítulo de cara altera todo o contexto da história: o ano é 1986, a cidade é Vice City - a versão da série de Miami - e o protagonista é Tommy Vercetti, um criminoso que acaba de chegar na cidade depois de ficar 15 anos na cadeia.

A primeira atividade de Tommy em Vice City é entregar um carregamento de cocaína, mas ele acaba numa emboscada, praticamente todo mundo morre e o dinheiro e as drogas são roubadas, o que deixa Sonny Forelli, o chefão da família, furioso.

Tommy então começa a perseguir os responsáveis, mas conforme ele cresce no mundo criminoso de Vice City a ganância surge e ele passa a desejar tomar o controle total da cidade, o que o coloca em conflito com outros criminosos da cidade e, eventualmente, com o próprio Sonny.


Esse é o primeiro GTA com um protagonista que fala, o que dá espaço para uma história bem mais interessante e coloca Tommy muito acima dos anteriores. Ele é ganancioso, inteligente, leal com os que estão ao seu lado e ao mesmo tempo é impulsivo, parte pra violência rapidamente e é totalmente cruel com seus inimigos. Eles se inspiraram no Tony Montana, ora bolas, então Tommy é um psicopata bem carismático!

Vários aspectos da história são inspirados em Scarface, o que de certa forma tira parte do mérito criativo da equipe, mas gera uma narrativa muito boa de ascensão ao poder. E o jogo também tem um monte de personagens secundários divertidos, então as interações entre eles e Tommy são ótimas, ainda mais com a excelente dublagem.


As missões da história são divertidas, com situações variadas e aproveitando bem todos os tipos de veículos. Claro que existem as chatonas, como a Demolition Man inaugurando os veículos de controle remoto, e as frustrantes, como a The Driver que nos coloca numa corrida contra um carro muito melhor, mas por outro lado temos um monte de missões super legais, como aquela em que roubamos um banco disfarçados de Jason Voorhees, ou aquela em que invadimos um shopping para explodir uma loja ou mesmo quando estamos dirigindo a limusine da Love Fist enquanto eles tentam desarmar uma bomba no banco de trás. Os bons momentos excedem muito os maus.

Uma ótima novidade é a chance de adquirir propriedades pelo mapa, nos dando acesso à missões específicas e no final rendendo um lucro que podemos coletar diariamente. Ter um sistema de adicionar diretamente o dinheiro na conta deixaria tudo mais prático, sem dúvida, mas ainda assim é interessante pegar uma hora para dar a volta na cidade coletando os frutos do nosso trabalho, dá uma sensação mais verdadeira do processo.

As missões de propriedade começam como secundárias, mas eventualmente precisam ser feitas - pelo menos a maioria - para completarmos a história. Mas além delas ainda temos uma vasta coleção de atividades secundárias, como as missões do telefone público, as corridas pelo mapa e os trabalhos como táxi, policial, motorista de ambulância ou entregador de pizzas.

É conteúdo suficiente para muitas e muitas horas de gameplay, mesmo sem contar o tempo que ficamos apenas zoando pelo mapa.


O gameplay com os veículos segue a mesma linha de GTA III e continua agradando, diria que é de longe a maior parte da diversão com o game. Situações como dirigir pela cidade ao som da nossa rádio preferida, fazer missões de táxi ou fugir loucamente da polícia não teriam a menor graça se o controle dos carros fossem ruins, mas eles são bons, leves e dessa forma o jogo já consegue divertir mesmo nas situações mais simples.

A maior novidade fica por conta dos novos tipos de veículos, como motos e helicópteros. Motos são difíceis de pilotar no começo (não é legal ficar voando loucamente sempre que batemos), mas conforme pegamos o jeito elas são bem divertidas, e helicópteros são sensacionais desde a primeira volta que damos!

E as motos também são o alvo perfeito para quando estamos dirigindo os carros, não podemos nos esquecer disso!

No total temos quase o dobro de veículos jogáveis em relação à GTA III e, como eles mudaram o período da história, todos os modelos são diferentes ou pelo menos versões remodeladas para encaixar melhor na década de 80.


Já a parte de tiro recebeu algumas melhorias, mas continua sendo bem desconfortável, pelo menos na versão PS2. As armas que exigem a mira manual são péssimas, você tem que brigar com o controle toda vez que quer mirar em alguém.

Muitas vezes minha mira estava perto do alvo e eu movia o analógico com um cuidado absurdo para conseguir um movimento preciso, mas a mira sempre se movia de repente quando eu chegava num certo ponto e passava pelo alvo! Dava uma raiva descomunal!

As armas de mira automática funcionam decentemente, é um sistema básico mas que pelo menos não te deixa na mão na hora da necessidade. E temos quase o triplo de armas em relação ao GTA III, com destaque para a Minigun e para a motosserra. Oras, correr por aí com a roupa do Jason e atacar as pessoas com uma motosserra é impagável!

Eu sei que a motosserra não é a arma do Jason, mas é mais legal usar ela do que o facão, é simplesmente mais caótico!


Na parte gráfica a Rockstar implementou várias melhorias, mas não são tão significativas e no geral a sensação visual é bem parecida com a do jogo anterior. A maior fraqueza continua sendo os modelos dos personagens, que são bem feios e às vezes até cômicos - como as garotas dançando "sensualmente" nos clubes do jogo.

Mas um avanço significativo é que temos mais locais em que podemos entrar, como as boates, a mansão do Tommy, o shopping e etc. Alguns locais nem necessitam de loading, como as pizzarias, várias lojas e o aeroporto.

E achei bem legal quando percebi que a camisa do Tommy fica balançando quando ele está andando de moto. É sensacional ver detalhes desse tipo em jogos mais antigos!


Com os parágrafos acima você já pode perceber que Vice City melhorou basicamente tudo do jogo anterior, mas na verdade ainda não falamos do que eu considero a melhor parte de Vice City: a atmosfera.

Seria errado dizer que GTA III não tinha atmosfera, ele também fazia isso bem, mas Liberty City era uma metrópole cinzenta, séria e num período comum, no mesmo ano de lançamento do jogo, já Vice City é uma cidade litorânea turística no meio dos anos 80 e que parece viver eternamente em festa. Os pedestres estão andando de patins ou fazendo cooper, os prédios brilham com seus neons rosas e azuis, o Sol está brilhando intensamente sobre nós (às vezes até atrapalhando a direção!) e você realmente sente que é uma cidade feita para que a gente se divirta. O mapa de Vice City nem é muito maior que o de Liberty City, mas ainda assim é excelente e não deixa a desejar de forma alguma.

Diria que Vice City é o jogo que mais absurdamente anos 80 que eu já vi, mas de uma forma impressionante essa temática nunca fica batida. Ela está por todo lado - roupas, carros, penteados, músicas, e até mesmo nas cores dos menus e HUD -, mas é sempre divertida.


E a música! Não acredito que GTA um dia consiga superar a trilha sonora que eles colocaram nesse jogo! Eu nem ouço todas as estações, ficando apenas entre a V-Rock, a Flash e a Emotion, mas elas foram mais que suficiente para dar o toque especial às minhas voltas pela cidade. Aquele negócio de "cheguei no meu destino mas não quero sair do carro antes de terminar a música" nunca foi tão real quanto em Vice City.

Temos Iron Maiden, Mötley Crüe, Ozzy Osbourne, Michael Jackson, Bryan Adams, Toto, Foreigner, Electric Light Orchestra e muitos outros. É uma trilha sonora impecável!

E não podemos esquecer dos comerciais e falas dos DJs de cada rádio, que além de gerarem umas risadas contribuem muito para mostrar mais do mundo que eles criaram para o jogo, com filmes, seriados, lojas de roupa, videogames e até o tour da Love Fist na cidade. A Rockstar se empenhou de verdade para satirizar tudo que tinham direito da cultura anos 80 e o resultado ficou ótimo.

VEREDITO

PONTOS POSITIVOS
• Atmosfera de Vice City dos anos 80 é incrível
• Liberdade e quantidade de coisas para se fazer no mapa
• Controle dos carros é leve e divertido
• Número de carros e armas aumentou muito
• Adquirir propriedades pelo mapa é uma ótima novidade
• Boa história com personagens interessantes
• Ótima dublagem
• Trilha sonora espetacular


PONTO NEGATIVO
Sistema de mira manual ainda é falho

Eu ainda espero que a série GTA volte aos anos 80 em algum dos próximos jogos, isso simplesmente porque Vice City criou uma experiência muito memorável que nos deixa querendo mais.

Ele melhorou praticamente todos os aspectos de GTA III, mesmo os que esse já fazia muito bem, e colocou tanto carisma e personalidade na fórmula que o resultado é um jogo ainda mais cativante. Jogá-lo continua sendo muito divertido e, por mais que para mim seja difícil escolher um GTA favorito, entendo completamente os que preferem Vice City!

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