Road Rash
De todos os gêneros de games, acredito que o que mais se beneficiou da transição do 2D para o 3D foram os jogos de corrida. Jogos de plataforma e de luta muitas vezes são até melhores em 2D, jogos de ação e RPGs funcionam bem e tiro não ficava bom em primeira pessoa, mas pelo menos tinha os Run 'n Gun (que são bem maneiros) para compensar.
Já jogos de corrida enfrentavam uma dificuldade considerável: a vista lateral ou de cima eram ângulos péssimos para o gameplay, isométrico nem sempre funcionava e imitar um efeito 3D decentemente era uma tarefa e tanto. Então sempre que vejo um jogo de corrida bem feito nos 16 bits eu fico imaginando quantas virgens tiveram que sacrificar para alcançar tal bruxaria.
Mas onde há vontade há um jeito, então certos estúdios realmente conseguiram essa proeza para a nossa diversão. E é de um desses casos que falaremos hoje!
Road Rash
Desenvolvedora: Electronic Arts
Lançamento: 1991
Plataformas: Mega Drive
Desenvolvedora: Electronic Arts
Lançamento: 1991
Plataformas: Mega Drive
Road Rash foi um pioneiro entre os jogos de corrida ao implementar algo genial na fórmula: AGRESSÃO FÍSICA!
As competições aqui não são oficiais e regulamentadas, são eventos ilegais sem regras organizados por motoqueiros que provavelmente acabaram de sair de uma maratona de Mad Max e Corrida Maluca e estão bem dispostos a jogar sujo para vencer.
Ao alcançar um adversário podemos simplesmente ultrapassá-lo e seguir nosso caminho, mas isso é o que um piloto comum faria, em Road Rash você é um motoqueiro selvagem e o jogo quer que você soque seu oponente até derrubá-lo da moto, para então vê-lo rolando pelo asfalto no retrovisor e rir um bocado dessa cena!
E de fato é uma situação sensacional. Sei que a função do retrovisor não é essa, mas não vejo como usá-lo de forma mais divertida!
Claro que ao chegar perto de outro motoqueiro também estamos correndo o risco de apanhar e temos até mesmo uma barra de vida para nos dizer quanto aguentamos sem cair da moto. Mas uma parte boa é que certos inimigos possuem bastões e, se reagirmos no momento certo, é possível roubar a arma dele e aproveitar todo o poder e alcance extra que ela nos dá!
Outro ponto interessante é que nem todos os competidores agem da mesma forma. Natasha, por exemplo, começa como amiga do protagonista, então podemos bobear ao lado dela que ela não tentará nos derrubar. Mas se nós começarmos a bater ela se chateia e passa a agir agressivamente nas próximas corridas. Um detalhe de pouca importância, mas muito bacana!
Temos que ficar atentos também aos perigos do percurso: as corridas são feitas em rodovias comuns, portanto temos que desviar de carros indo e vindo, animais invadindo a pista e policiais em patrulha. Isso sem falar, é claro, das curvas sinuosas e subidas que atrapalham a visualização do caminho.
Bater é algo que você vai querer evitar imensamente, pois o jogo não dá simplesmente um respawn, você precisa esperar o personagem rolar pelo asfalto e então correr até a sua moto (que às vezes está MUITO LONGE), para só então continuar a corrida.
Sinceramente acho isso muito legal! Claro que bater é algo que você quer evitar em qualquer jogo, mas ter que se levantar e voltar para a moto deixa tudo mais realista e desesperador, enquanto em outros jogos você simplesmente espera ser devolvido pra pista. Você nem mesmo está seguro enquanto volta para a moto e ainda pode ser atropelado por outro motorista que estiver passando!
Bater muito vai destruir sua moto, dando um fim à corrida e te obrigando a pagar o conserto. Cair perto de um policial também tem um efeito parecido, a corrida simplesmente acaba e você ainda tem que pagar a fiança!
O dinheiro, inclusive, tem parte importante no progresso do jogo. A cada corrida recebemos uma recompensa dependendo da nossa posição e podemos usá-la para comprar diversas novas motos.
Se ficarmos pelo menos em 4º lugar em cada uma das cinco pistas avançamos para o próximo nível, onde os circuitos são mais longos e a dificuldade é maior, então se não tivermos uma moto boa para acompanhar o ritmo vamos penar muito para vencer. Geralmente vale a pena enrolar um pouco e repetir algumas corridas para conseguir uma moto bacana antes disso.
E se nosso dinheiro acabar e não pudermos pagar uma fiança ou um conserto da moto é game over, então gastar todo o dinheiro em uma nova moto te deixa em apuros por um tempo. Mas temos passwords frequentes (e save states infinitos também, é claro), então é sempre possível voltar.
As diferenças entre as pistas são, na maioria, apenas visuais, então a experiência é bem parecida em qualquer uma delas. Mas ainda assim o jogo não se torna repetitivo, outros fatores (como o tamanho do percurso e a potência da nossa moto) mudam regularmente e exigem cada vez mais habilidade e atenção do jogador. A sensação de velocidade com as motos mais potentes é excelente!
Se você quiser jogar com um amigo, o jogo tecnicamente tem um modo multiplayer, mas ele apenas reveza os jogadores ao invés de colocá-los juntos na corrida, então não adiciona nada realmente relevante ao jogo.
Tecnicamente o jogo é muito bom. Não é tão bonito quanto Super Hang-On (talvez propositalmente, já que segue um visual mais sujo e selvagem), mas ele é bem caprichado dentro do seu próprio estilo.
Os efeitos 3D são bem feitos, o fundo do cenário tem muitas camadas de parallax e algo que particularmente me impressiona são as constantes mudanças no relevo das pistas. Ele não é o único jogo que faz isso, mas faz de maneira sensacional: a pista quase nunca é plana, às vezes parece uma montanha-russa pavimentada, e essas mudanças realmente afetam o gameplay, mudando nossa velocidade e até tirando nossa moto do chão em casos extremos.
A única reclamação que eu poderia fazer da parte gráfica é que algumas animações ficam meio "picotadas" em velocidades mais altas, o que atrapalha um pouco a experiência.
Já a parte sonora me desagradou um pouco. Os efeitos sonoros são bons e o tema principal da trilha sonora é bem legal, mas certos trechos das músicas das pistas tentam imitar efeitos de guitarra e acabam gerando um som bem irritante no áudio limitado do Mega Drive.
Mas é sempre possível desativar a música, caso ela incomode, ficando apenas com o ronco da nossa moto e com o som dos nossos inimigos espatifando no asfalto!
VEREDITO
PONTOS POSITIVOS
• Incluir combate físico em um jogo de corrida foi genial
• Gameplay veloz e cheio de adrenalina
• Modo carreira desafiador
• Não ter um respawn deixa as batidas muito mais tensas
• Pistas dinâmicas, com muitos obstáculos e mudanças no relevo
• Gráficos caprichados, cheios de efeitos
PONTOS NEGATIVOS
• Ausência de um modo multiplayer
• Efeitos irritantes nas músicas das pistas
• Animações "picotadas" nas velocidades mais altas
Road Rash é um dos mais queridos jogos de corrida dos 16 bits, e não é por acaso.
O jogo se saiu extremamente bem em tudo que é de se esperar de um jogo do tipo e ainda inovou com o combate entre os corredores, que foi o suficiente para colocá-lo em outro nível e dar muito mais personalidade ao jogo. Ele realmente consegue transmitir a adrenalina e a tensão de uma corrida para o jogador!
PONTOS POSITIVOS
• Incluir combate físico em um jogo de corrida foi genial
• Gameplay veloz e cheio de adrenalina
• Modo carreira desafiador
• Não ter um respawn deixa as batidas muito mais tensas
• Pistas dinâmicas, com muitos obstáculos e mudanças no relevo
• Gráficos caprichados, cheios de efeitos
PONTOS NEGATIVOS
• Ausência de um modo multiplayer
• Efeitos irritantes nas músicas das pistas
• Animações "picotadas" nas velocidades mais altas
Road Rash é um dos mais queridos jogos de corrida dos 16 bits, e não é por acaso.
O jogo se saiu extremamente bem em tudo que é de se esperar de um jogo do tipo e ainda inovou com o combate entre os corredores, que foi o suficiente para colocá-lo em outro nível e dar muito mais personalidade ao jogo. Ele realmente consegue transmitir a adrenalina e a tensão de uma corrida para o jogador!
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