Burnout Dominator


Depois de quatro Burnouts no PS2, a Criterion decidiu que seu trabalho ali estava feito e que era hora de partir para a próxima geração. A senhora Electronic Arts, por outro lado, achou que ainda dava para tirar uns trocados dos donos do console da Sony, então a ideia de Burnout Dominator nasceu.

Um novo estúdio ficou no comando do projeto e, para não arriscar em coisas novas na fórmula, o jeito foi juntar vários elementos dos jogos passados e entregar a mistura ao jogador.

Será que deu certo? Pois sigam-me os bons para a análise!

Burnout Dominator

Desenvolvedora: EA UK

Lançamento: 2007

Plataformas: PlayStation 2 e PSP



A característica que Dominator ressuscita dos dois primeiros jogos é justamente o "burnout", que é quando completamos nossa barra de turbo e usamos tudo de uma vez, podendo recuperá-la por completo caso nosso desempenho tenha sido suficientemente insano, o que inclui andar na contramão, tirar fina dos carros do tráfego, fazer drift e etc.

Essa característica de fato era o ponto alto de Burnout 2, que é excelente, mas foi abandonada no terceiro jogo para dar lugar ao estilo mais violento.

Dominator continua com as mecânicas de takedowns de Burnout 3 e elas funcionam bem juntas, mas o papel da agressividade nas corridas acaba sendo bem menor, enquanto os burnouts se tornam o foco novamente.

Perder o combo é algo que queremos evitar a todo custo, então realmente temos o incentivo para dirigir loucamente e tomar riscos, de uma forma que não se via desde o segundo jogo. E conforme o combo vai ficando maior a adrenalina também aumenta, atravessar o tráfego loucamente sem poder soltar o turbo nem por um segundo é bem empolgante.


As pistas também são projetadas com essa mecânica em mente e são muito boas. Existem curvas longas perfeitas para drifts, subidas e descidas e poucos obstáculos além do tráfego, que pode ser bem intenso em alguns circuitos.

Uma pista que gosto bastante é a Bushido Peak, que tem uma sucessão de curvas bem redondas numa descida. Passar por elas com um combo de turbo é muito bom!

Também temos alguns caminhos alternativos, como em Revenge, mas não fazem muita diferença na prática, primeiro por serem mais simples e também por oferecerem menos chances de direção perigosa. Mas também não prejudicam em nada o jogo.

O jogo até troca os Signature takedowns pelos Signature shortcuts, que são atalhos liberados justamente por fazer takedowns nas suas entradas. Eu prefiro muito mais os Signature takedowns, os acho bem mais criativos, mas como o foco desse jogo não são os takedowns talvez seria até frustrante fazer alguns tão específicos como os que eram exigidos nos jogos anteriores.


O traffic check de Revenge foi deixado de lado, afinal o jogo volta a valorizar os riscos do tráfego, mas uma função que continua é o crashbreaker, que nos permite explodir depois de bater e atingir os adversários.

E essa função até foi melhorada. No Revenge ela era bem apelona e dava para bater quantas vezes fosse sem perder a liderança, mas aqui ela não é milagrosa, atingir os inimigos não é tão simples e mesmo conseguindo eles geralmente voltam na sua frente, então bater oferece todos os riscos que deveria.

Não faz muito sentido que os carros que explodem depois voltem na nossa frente, mas faz o gameplay funcionar de forma mais interessante, então é positivo.


O que realmente me incomoda em Dominator são os eventos. Existem oito tipos, sendo que dois deles são corridas (as comuns e as eliminatórias), depois temos os Road Rages, que também são excelentes e clássicos da série, e então os outros cinco são desafios de tempo, de drift, de combos de turbo, de near misses e o Maniac (onde todos os tipos de direção perigosa contam).

Esses desafios são bem fáceis, não são nem de longe divertidos como as corridas e Road Rages e tomam um espaço bem grande do jogo. Com a introdução dos takedowns a interação entre os corredores se tornou a parte mais divertida da fórmula da série, então passar metade do jogo sendo o único competidor do circuito simplesmente não empolga da mesma forma.

E eu até entendo o modo Maniac, que envolve toda a ideia de dirigir perigosamente, mas os outros são tão específicos e chatos que não vejo motivo para existirem. Eles simplesmente dividiram os fatores da direção agressiva e criaram um evento para cada, o que é um jeito bem preguiçoso de criar modos de gameplay.

E o modo Crash está ausente, o que não faz muito sentido para um jogo que propõe misturar as melhores características dos jogos anteriores. Ele é icônico, super divertido e faz falta.


Visualmente o jogo não mantém a beleza de Revenge, mas está mais ou menos no nível do terceiro e agrada bastante. Os cenários são bons, os carros são bem modelados e refletem bem o cenário, a iluminação também é muito bonita e as batidas continuam sendo muito legais de se ver. Então não é uma evolução, mas não deixa a desejar de forma alguma.

A trilha sonora é legal, com músicas frenéticas que servem muito bem para nos colocar no clima agitado do jogo, como Friction (B'z), Block Out The World (Maxeen) e Through These Eyes (The Confession). Honestamente não conheço quase nenhuma das bandas e não são o tipo de música que ouviria por conta própria, mas dentro do jogo elas são bem divertidas e é o que importa.

Mas provavelmente o que mais chama a atenção na trilha sonora é a música Girlfriend, da Avril Lavigne, que está lá EM QUATRO IDIOMAS DIFERENTES! Acho que nunca vamos entender qual foi a situação que levou à inclusão dessa música, pois parece a coisa mais aleatória possível. E o pior é que ela combina estranhamente bem com o ritmo do jogo, o que torna tudo ainda mais bizarro.

Mas por algum motivo eu a acho mais divertida no Burnout Paradise. Talvez seja porque o jogo é mais legal mesmo.

VEREDITO

PONTOS POSITIVOS
• A volta dos burnouts é muito boa e traz muita adrenalina ao jogo
• Bom design de pistas
• Bons gráficos
• Trilha sonora empolgante


PONTOS NEGATIVOS
• Corridas e Road Rages perdem espaço para desafios menos interessantes
• Ausência do modo Crash


Dominator realmente parece um híbrido dos últimos três jogos da série Burnout, o que naturalmente significa que ele tem um gameplay muito divertido. Não oferece nada de inovador, mas esse realmente nunca foi seu objetivo.

O maior deslize que ele comete é tirar o espaço das corridas e Road Rages para focar demais na mecânica dos burnouts, como se ela sozinha pudesse carregar todo o jogo, sendo que na prática os desafios variados da mecânica acabam perdendo a graça rapidamente. A ausência do modo Crash é outro fator que tira um pouco do brilho do jogo.

Ele é um bom jogo, mas diante do currículo fenomenal que a série entrega desde o segundo jogo é natural que ele seja ofuscado pelos outros.

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