Porky Pig's Haunted Holiday


Eu tinha planejado essa análise para o halloween do ano passado, mas na época o Blogger decidiu apagar todo o meu texto sem nenhum motivo aparente. Eventualmente reescrevi e deixei para postar no Halloween deste ano, mas então esqueci totalmente e a data passou mais uma vez.

E, como não estou a fim de esperar mais um ano para falar de um jogo como esse, o jeito é postar agora mesmo. Afinal ele nem mesmo é um jogo de terror, não precisa de uma data especial!

Porky Pig's Haunted Holiday

Desenvolvedora: Phoenix Interactive Entertainment

Lançamento: 1995

Plataformas: SNES


Gaguinho já passou por maus bocados nas mãos da Warner Bros, então num certo dia todo o trauma acumulado decide voltar para assombrá-lo: ele dorme e começa a ter pesadelos com locais sinistros e criaturas assustadoras. Nosso papel então é guiá-lo através desses cenários e sobreviver à noite de sono.

Quase uma mistura de Looney Tunes com Freddy Krueger! Ora bolas, que genial!

É interessante ver um jogo que aborda os temas mais sinistros dos desenhos, Gaguinho tem alguns nesse estilo que são bem divertidos. A fase que mais investe nesse clima de horror é a primeira - a música dela dá até um mal-estar! -, mas todo o jogo tem um ar melancólico que é bem peculiar.

Para falar a verdade também é estranho e o humor Looney Tunes faz falta, mas essa estranheza até aumenta nossa curiosidade pelo jogo.


Durante a história passamos por uma floresta assombrada, uma cidade fantasma, Atlantis, uma mina abandonada, os Alpes (com a Malucolândia no meio) e um castelo. Alguns cenários e inimigos são retirados diretamente de episódios específicos, mas outros são criados para o jogo.

Eles pegam inspiração em vários desenhos legais, como o da Malucolândia, da cidade fantasma ou do castelo dos duendes, mas na prática não aproveitam bem esse material, parece que tudo foi colocado aleatoriamente no jogo e as coisas que foram criadas do zero ficariam muito melhores se fossem trazidas dos desenhos.

A primeira fase, por exemplo, tem duendes e coisas relacionadas como inimigos, mas se passa numa floresta assombrada comum, não no castelo deles, e o chefe é um fantasma genérico ao invés de ser algo relacionado.

Na cidade fantasma é pior, pois certos inimigos são do desenho da Malucolândia, mas na fase própria da Malucolândia eles não aparecem. Ora diabos, era algo tão simples e eles erraram completamente!


Gaguinho não tem nenhum truque e tudo o que fazemos é andar e pular. Também dá para atirar frutas, mas para isso é preciso coletá-las e elas aparecem pouco, então não faz muita diferença. Numa certa parte nós também tomamos uma poção que nos faz flutuar pelo cenário, mas acontece só uma vez.

A movimentação é lenta, o que faz sentido mas não é muito agradável e pode se tornar um problema quando certos perigos ou inimigos surgem do nada (acontece mais do que deveria), mas pelo menos Gaguinho pode aguentar vários hits antes de morrer.

Também temos continues infinitos, então o jogo se torna bem fácil. E depois de um game over o jogo te devolve no último checkpoint, como uma morte comum, o que me faz perguntar por que não colocaram vidas infinitas de uma vez...

Mas esse é um detalhe, prossigamos para coisas maiores!


Você já teve daqueles sonhos febris onde tenta fazer uma coisa, mas faz, faz e nunca termina?

Pois o jogo representa muito bem esses pesadelos com fases labirínticas que nos fazem repetir o mesmo pedaço várias vezes ou nos colocam em becos sem saída constantemente. O maior exemplo é a Malucolândia, que além de um layout confuso tem portas que nos teletransportam entre locais, então fica totalmente sem sentido.

Também fiquei bem decepcionado em Atlantis quando percebi que o caminho que peguei me levou de volta ao início da fase. Fazer o jogador andar em círculos é mancada!

Eu imagino que se o Gaguinho não fosse tão lento poderia ser mais divertido explorar as fases, mas no ritmo dele é bem maçante.


Ao final de cada fase naturalmente temos um chefão, que variam entre personagens conhecidos, como Eufrazino, e aberrações da natureza, como a criatura acima.

Sério, que raios é esse peixe? Não é um personagem Looney Tunes, nem um personagem de verdade, parece que foi criado pelos caras em alguns minutos no Paint!

O pior é que mesmo deixando de lado as aparências, as lutas ainda são decepcionantes. Todos os chefões possuem ataques básicos que não mudam, então derrotá-los é entediante e ironicamente a parte mais fácil do jogo.


Visualmente, o jogo tem alguns cenários bacanas, como a floresta assombrada com suas árvores sinistras e a Malucolândia com as coisas sem sentido ao fundo, mas outros são extremamente desinteressantes e vazios. A mina abandonada tem um padrão sem graça no fundo e a primeira parte do fundo do mar tem só um efeito simples de água.

Nem mesmo na perspectiva os cenários são consistentes. A fase do castelo tem as plataformas num ângulo quase isométrico, mas outras têm as plataformas de frente, num 2D padrão. Parece um trabalho de escola quando cada um faz uma parte separadamente e só juntam tudo no dia de apresentar!

Entre os personagens só Gaguinho tem sprites decentes, a maioria dos inimigos são bem feios. E os efeitos também são horríveis, é só voltar para a imagem do peixe e ver o jato que sai da água, ou mesmo a forma como os elementos surgem da superfície.


Mas uma parte visual que o jogo realmente faz muito bem é ter um sistema de clima! Sim, é isso mesmo!

É surpreendente ver um sistema desses implementado na geração 16-bits, mas o jogo faz muito bem. A cada vez que iniciamos, climas aleatórios são definidos para os cenários, então pode estar ensolarado, chovendo, com neblina ou mesmo nevando, com direito a bonecos de neve e decorações de Natal.

Não afeta o gameplay, mas dá um charme bem único e diferente ao jogo.


Na trilha sonora temos uma ou outra música que se destaca (a da primeira fase é extremamente melancólica e a das minas é uma versão de "In the hall of the Mountain King"), mas no geral ela não é boa, algumas músicas são genéricas de jogos de plataforma e outras são um tanto irritantes. E todas são curtas e se repetem muito, o que também as desfavorece.

Os efeitos sonoros cumprem seu papel sem se destacar, só o que fica faltando mesmo é uma voz para o Gaguinho. A única gaguejada dele vem depois dos créditos finais com um "isso é tudo, pe-pe-pessoal".

VEREDITO

PONTOS POSITIVOS
• Premissa interessante
• Efeitos de clima são uma característica única

PONTOS NEGATIVOS
Gaguinho é lento e entediante no gameplay
• Referências aos desenhos são bagunçadas e sem sentido
• Chefes mal feitos e sem desafio
• Level design confuso
• Gráficos sem graça e inconsistentes
• Músicas irritantes com loops curtos

Gaguinho está longe de ser o personagem mais popular dos Looney Tunes, mas ele merecia um jogo mais caprichado.

Haunted Holiday tem um conceito bem interessante e poderia ter se tornado um jogo divertido, mas o estúdio bagunçou as inspirações dos desenhos, criou coisas que não fazem o menor sentido e não conseguiu colocar um gameplay ou um level design decente, então o resultado final é um jogo maçante, inconsistente e que não agrada nem mesmo os fãs do personagem.

Comentários