Sly Cooper and the Thievius Raccoonus


Das três grandes séries de plataforma do PS2, Sly Cooper geralmente é a que fica de lado esquecida (mas pelo menos ela ganhou um quarto jogo, não é Jak and Daxter?), mas particularmente sempre foi minha favorita.

O primeiro da série que joguei foi o segundo, onde eu gastei muitas e muitas horas, e eventualmente joguei o resto da trilogia quando arrumei a Collection do PS3.

Sinceramente, eu não sei como eu conseguia jogar tanto uma sequência e nunca me importar com os outros jogos da série! Diabos, hoje em dia eu tenho dificuldade até em começar no meio de uma série de jogos de corrida!

Talvez essa seja uma situação ainda pior, mas não vem ao caso. Falemos de Sly Cooper and the Thievius Raccoonus, o primeiro jogo do nosso querido guaxinim ladrão!

Sly Cooper and the Thievius Raccoonus

Desenvolvedora: Sucker Punch

Lançamento: 2002

Plataformas: PlayStation 2



Nossa bela aventura infantil se baseia em três temas: ROUBO, ASSASSINATO e VINGANÇA!

Sly Cooper vem de uma longa linhagem de ladrões honrados, que roubam apenas de criminosos. Essa tradição passa de geração em geração e os maiores truques de seus antepassados estão registrados no livro da família: o Thievius Racoonus.

Mas existe um inimigo, conhecido como Clockwerk, que tem como único objetivo a destruição da família Cooper. Ele é uma coruja gigante que existe há milênios, pois substituiu as partes de seu corpo por versões robóticas e se tornou imortal, mas apesar de ter quase que literalmente todo o tempo do mundo, ele é um tremendo incompetente e nunca conseguiu realmente destruir a família Cooper

Aparentemente ele matou vários Coopers ao longo da história, mas pelo jeito ele espera cada um deles instituir família e deixar herdeiros, pois nada mais explicaria a sobrevivência da família Cooper por todo esse tempo.

...

Ou será que ele propositalmente deixa cada Cooper procriar para continuar se divertindo com os assassinatos? Diabos, esse jogo tem partes bem sombrias se você parar para analisar!


Clockwerk e um bando de criminosos invadiram a casa de Sly quando ele era criança, assassinaram seus pais e roubaram o Thievius Racoonus, dividindo as páginas do livro entre eles. Sly então passa o resto da juventude num orfanato, conhece Bentley e Murray, seus melhores amigos, e ao sair decide se vingar do assassinato e recuperar o livro.

Para isso eles roubam os arquivos da Interpol sobre o caso e saem caçando cada um dos responsáveis, enquanto são perseguidos pela implacável inspetora Carmelita Fox, uma personagem que deve ter transformado várias das crianças que jogavam PS2 em tarados por furries.

Digo, a única outra policial que eu vejo vestida desse jeito é a Sonya Blade, que certamente não foi criada a partir dos pensamentos mais puros do mundo, então tenho sérias dúvidas do que a Sucker Punch tinha em mente na criação desse jogo.


Sly foi lançado numa época em que jogos de plataforma estavam adotando histórias mais complexas e se sai bem nesse quesito. Sly é carismático e a história é envolvente, dando um bom contexto para nossas aventuras e estabelecendo relações interessantes entre os personagens. As conversas entre Sly e Bentley (Murray ainda não era tão legal nesse jogo) e o romance proibido entre Sly e Carmelita são coisas bem legais de se ver!

Os cinco inimigos do jogo proporcionam situações legais para a história e temos personagens interessantes, como Panda King e Muggshot, embora não considere o Clockwerk um vilão principal muito cativante.

Digo, ser um bicho imortal e que odeia a família Cooper há milênios é uma ideia super legal, mas não vejo muito sentido numa coruja gigante metálica desejar ser o melhor ladrão do mundo e não acho a personalidade dele interessante, então ele falha em ser um arqui-inimigo icônico como um Eggman ou um Dr. Cortex, por exemplo.

Se você jogou apenas do Sly 2 para frente, vai perceber que esse primeiro é mais "bobinho" na forma de contar a história e nos diálogos, mas não é algo ruim, afinal ele foi feito para crianças e é legal ver como a série evoluiu. E, mesmo sendo mais infantil, ele já estabelece todo o estilo noir que continua nos outros jogos e também as belas cutscenes em estilo desenho animado.


A maior peculiaridade de Sly Cooper no gameplay é o stealth misturado com a plataforma.

O papel da plataforma ainda é bem maior, com fases lineares mais ao estilo de Crash Bandicoot, mas os elementos de stealth que temos são interessantes. Podemos espreitar certos inimigos e atacá-los antes que nos vejam, nos esconder esperando o momento de agir e boa parte dos obstáculos que atravessamos são holofotes de guardas ou lasers.

Esse tipo de obstáculo não muda a vertente plataforma do gameplay, mas contribui para o contexto de espionagem e stealth do jogo.

A movimentação de Sly é muito boa por si só, mas algo que se destaca é o leque de movimentos que ele pode executar e como eles são aproveitados no level design. Ele pode andar sobre cabos, se pendurar em coisas com seu cajado, escalar coisas ou pular e se equilibrar em coisas bem pequenas. O bolinha é o nosso botão de "Master thief" e com ele podemos interagir com esses elementos do cenário de variadas formas, se tornando algo simples de aprender e executar, mas cheio de possibilidades na prática. A equipe acertou em cheio com esse sistema e conseguiu criar fases muito divertidas a partir dele.

Alguns truques estão lá desde o começo, enquanto outros são incorporados no decorrer do jogo, conforme recuperamos as páginas do Thievius Racoonus (seja derrotando chefões ou pegando colecionáveis pelas fases). O combate também recebe várias melhorias, indo além dos golpes básicos com o cajado e adicionando invisibilidade, boinas explosivas, golpes giratórios e etc.


Isso é algo legal dos colecionáveis, pois você não coleta simplesmente pela satisfação dos 100%, o resultado é prático e útil e isso incentiva bastante. O único problema é que eles são consideravelmente fáceis, com um pouco de atenção é possível coletar tudo logo de cara, sem repetir fases, reduzindo bastante a duração do jogo.

E diria que a curta duração é o principal problema do jogo. A estrutura do jogo é bem mais simples que seus sucessores, mas acho que isso não seria um problema se ele fosse maior. Mesmo jogos da geração anterior, como Crash e Spyro, podiam até ser rápidos para zerar, mas ofereciam um desafio considerável para os 100% e isso prolongava bem o jogo.

Lembro que quando joguei Sly Cooper pela primeira vez, na Collection do PS3, eu peguei o jogo de manhã e antes de dormir já havia zerado, pego todos os colecionáveis e até a platina! Foram oito horas e meia entre meu primeiro troféu e a platina, contando as pausas para banheiro e refeições!

E sim, esse foi um dia em que estava surpreendentemente desocupado.


Além das fases comuns temos algumas especiais, já que por algum motivo obscuro jogos de plataforma adoram quebrar o ritmo do gameplay padrão com esse tipo de coisa.

Temos  algumas fases de corrida, outras com um tipo de jet ski que atira, outras onde ficamos parados apenas atirando em coisas do cenário e algumas mais no estilo minigame mesmo, onde temos que destruir ou coletar um determinado número de coisas do cenário.

Não tenho nenhuma estima por essas fases e algumas são bem irritantes, como as corridas com Murray (ainda bem que no segundo jogo ele deixou de ser só o motorista) e a luta com Mz. Ruby, que ao invés de ser um confronto direto é um minigame de repetir botões.


Graficamente o jogo agrada, principalmente nos cenários, que são bem charmosos com o estilo cel-shaded. É tudo bem pontudo e com poucos polígonos, mas a Sucker Punch conseguiu criar um estilo visual que aproveita dessa fragilidade e o resultado é algo bem cartunesco, com elementos exagerados por todo lado e um bom uso das cores, mesmo se passando quase que totalmente à noite.

A única coisa que diria que ficou ruim são algumas expressões faciais durante as cutscenes. Durante o gameplay Sly tem um rosto normal, mas é só entrar numa cutscene que seus olhos e boca começam a mexer de um jeito que parece bugado, bem estranho de ver.

A parte sonora também é muito bem feita, tanto na dublagem como nas músicas, que capturam bem a mistura do suspense noir com a inocência de um jogo infantil. Uma coisa bacana é que ela é dinâmica e muda com as situações do gameplay, como quando começamos uma luta com um inimigo. As transições são bem naturais e assim os temas complementam bem o ritmo do gameplay.

VEREDITO

PONTOS POSITIVOS
• Ótimo level design
• Sly é versátil e cheio de truques
• História e personagens cativantes
• Cenários charmosos com o visual cel-shaded
• Trilha sonora muito boa


PONTOS NEGATIVOS
• Muito curto, mesmo para os 100%
• Algumas fases especiais são chatas
• Clockwerk não é um bom arqui-inimigo


Sly Cooper é um jogo bem mais simples que seus sucessores e não tem tanto conteúdo a oferecer, mas é envolvente e já cria um estilo próprio muito interessante para os seus personagens. Os ancestrais, o Thievius Raccoonus e até mesmo o cartão de visita que Sly deixa nos cofres são elementos que resultam num jogo bem carismático.

Controlar Sly com seus diversos truques flui muito bem, o level design é excelente, os gráficos agradam e a trilha sonora também ajuda a deixar o jogo ainda mais interessante. Se você gosta de plataforma é um pacote que deve agradar. Ele é curto e nos deixa querendo mais no final, mas pelo menos temos sua ótima sequência para jogar depois!

Comentários

  1. Eu platinei ele esses dias e curti o game, mas tenho críticas quanto a jogabilidade, pois os botões não respondem direito e muitas vezes vc acaba morrendo por cair de certos locais, etc...O segundo jogo eu comecei a jogar agora e percebi uma grande melhora nesse ponto.
    Mesmo assim é um jogo que curti bastante.

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    Respostas
    1. Obrigado por comentar, Alisson!

      O segundo é de longe o meu favorito da série, realmente melhora ou evolui tudo do primeiro jogo. Acho que você vai gostar bastante mesmo!

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