Super Mario 64


Quando era criança não me importava com a série Mario. Meu primeiro console foi um Mega Drive, mas não era só isso, pois meu primo tinha um SNES e eu frequentemente ia na casa dele, mas sempre jogávamos Donkey Kong e pra falar a verdade não me lembro de nenhuma vez que jogamos outra coisa por muito tempo.

Um grande desperdício do console, devo dizer, por mais que a série DKC seja ótima!

Na geração seguinte eu fui para o PS1, assim como TODO MUNDO QUE EU CONHECIA. Nunca vi alguém que tinha um Nintendo 64 e, dessa forma, só voltei a ter contato com a série Mario anos depois, pelos emuladores.

Mas aí é claro que percebi meu grande erro! Afinal não é a toa que Mario é basicamente a série mais icônica dos games!

Então vejamos como está o primeiro Mario 3D depois de mais de 20 anos e se ele tem algum defeito além da mania da Nintendo de enfiar o nome do console no título do jogo!

Digo, é um jeito meio preguiçoso de nomear um jogo, certo? Pelo menos os "Super" do SNES soavam bem, deviam ter pensado em coisas mais criativas na época do 64!

Super Mario 64

Desenvolvedora: Nintendo

Lançamento: 1996

Plataformas: Nintendo 64


Como um jogo do Mario, você já deve imaginar a história. Peach é sequestrada DE NOVO, Bowser toma conta do castelo, prende todo mundo lá dentro com um feitiço e se tranca no sótão com a princesa.

Não estou sugerindo nada, veja bem! Ele até fica assistindo nossa aventura e rindo sempre que morremos ou que tentamos entrar numa porta trancada, então ele provavelmente está ocupado demais para fazer qualquer coisa com a princesa.

A única forma de chegar até Bowser é coletando Power Stars, as estrelas que geram energia para o castelo de Peach e que Bowser espalhou pelo reino. Cada uma das 15 fases do jogo possui 7 estrelas e com números específicos podemos abrir novas fases, novas áreas do castelo e, eventualmente, a luta final.


Mario 64 foi um dos primeiros jogos a adotar o 3D e já fez todo o possível para aproveitar a novidade: ao invés de possuir um simples caminho até o fim, os níveis são abertos e podemos explorá-los livremente para encontrar todas as formas de coletar estrelas.

Essas formas são variadas e isso é muito legal. Algumas estrelas estão em locais específicos, outras exigem uma missão, outras vêm ao coletarmos 100 moedas e etc, assim os níveis são aproveitados das mais diversas maneiras. Até podemos voar em várias fases, uma liberdade sensacional e impressionante para a época!

E essa liberdade não está só no espaço dos mapas. O jogo até sugere uma ordem para coletar as estrelas e completar as fases, mas não há nada que nos obrigue a segui-la, podemos pegá-las conforme quisermos e escolher qualquer fase que esteja liberada. Então se cansarmos de uma fase não precisamos trocar de jogo, podemos ir para outra e deixar a problemática para mais tarde! Isso é ótimo!


E é claro que não adiantaria dar tanta liberdade se o mundo do jogo não nos desse vontade de explorá-lo, mas o level design é simplesmente fantástico.

Você entra num nível novo e realmente fica empolgado em aproveitar tudo que ele tem para oferecer, seja correndo por um caminho específico ou vasculhando cada espaço para pegar 100 moedas. Descobrir os segredos e as coisas escondidas de cada mapa é divertido e muito recompensador.

Algumas fases naturalmente são os destaques, como a Tiny Huge Island, a Cool Cool Mountain e a Big Boo's Haunt. A mecânica de mudar de tamanho da Tiny Huge Island, por exemplo, é sensacional e faz nossa jogatina ser muito diferente mesmo sem mudar de cenário.

Criar uma mecânica específica para uma só fase dá errado em muitos jogos por aí, mas aqui acaba sendo um destaque! A Nintendo é genial!


Além do level design ser um estilo muito divertido, é claro que temos que dar o mérito ao Super Mario 64 por influenciar imensamente o mundo dos games, pois ele definiu o patamar para platformers em 3D e basicamente criou o gênero "collectathon", de sair colecionando coisas pelas fases.

Podemos listar uma penca de jogos que seguiram os passos de Mario 64, incluindo jogos muito amados como Spyro, Jak and Daxter e Banjo-Kazooie.

Dá para ver influências de Mario 64 até em GTA III, que por si só também foi revolucionário!


Confesso que achei o controle de Mario um tanto escorregadio no começo, mas é apenas um sinal de que é um jogo antigo, pois é fácil de se acostumar e se torna muito fluido depois disso.

Ora bolas, foi um dos primeiros jogos de plataforma em 3D da história, um tempinho para se acostumar com os controles não é pedir muito! Vai jogar o Tomb Raider original para ver como ele envelheceu!

E temos um leque surpreendentemente grande de movimentos! Os pulos vêm com diversas variações - pulo longo, pulo nas paredes, mortal pra trás ou um combo de três pulos cada vez maiores - e são usados de diversas formas ao longo do jogo.

Um problema real é a câmera (desculpe, sr. tartaruga cameraman), que atrapalha bastante em diversas situações.

Podemos controlá-la parcialmente e não é possível girá-la por completo ao redor de Mario, então em certos casos não conseguimos chegar no ângulo mais adequado, o que atrapalha certas manobras pela fase. E às vezes ela ainda enrosca em partes do cenário, bloqueando nossa visão.

É completamente perdoável, afinal essa foi a primeira experiência deles no 3D e na exploração dos cenários, mas ainda assim é um incômodo.


Visualmente o jogo agrada bastante. Para um título de lançamento do N64 ele é impressionante e, mais importante que isso, o charme da direção artística é enorme.

Os temas e cenários em si se parecem bastante com níveis dos jogos anteriores, mas com a mudança do 2D para o 3D isso é bem normal e a equipe se saiu extremamente bem. Cada mundo tem seu visual único e seu próprio charme, seja a paisagem verdejante da Bob-Omb's Battlefield, o mundo em miniatura da Tick Tock Clock ou a noite assombrada da Big Boo's Haunt.

O único cenário que particularmente acho sem graça é a Hazy Maze Cave, mas entre 15 mundos isso não é o menor problema.

Outro ponto charmoso da apresentação do jogo é a trilha sonora. Fases mais alegres têm temas bem vivos e contagiantes, que servem muito bem para deixar o jogador entusiasmado, enquanto fases mais perigosas têm temas mais lentos e atmosféricos, mas sem perder o tom cartunesco do jogo. Uma trilha bem gostosa de se ouvir!


Super Mario 64 é estimado como um dos jogos mais importantes da história e, de fato, esse não é um exagero!

Enquanto diversas séries sofreram muito na transição do 2D para o 3D, a Nintendo não só criou mais um excelente título do Mario, mas também um jogo que foi revolucionário para a indústria e exemplo a ser seguido por inúmeras empresas. Ele carrega um legado gigantesco e o mundo dos games poderia ser bem diferente hoje se não fosse sua existência.

PONTOS POSITIVOS
• Definiu os platformers 3D e o gênero collectathon
• Carisma único dos personagens e cenários
• Excelente level design
• Muita liberdade no gameplay
• Movimentação fluida e cheia de truques
• Belos visuais, principalmente pela direção artística
• Trilha sonora gostosa de ouvir

PONTOS NEGATIVOS
• Câmera causa alguns problemas na jogabilidade

Comentários