Burnout Paradise


Quando comprei meu PS3, lá em 2009, o primeiro jogo que peguei foi Call of Juarez: Bound in Blood. Um jogo bem legal, devo dizer, mas com uma história linear e poucos objetivos secundários foi inevitável que em uma semana eu já não tivesse mais o que fazer com ele.

O que eu precisava era de um jogo grande, com muita coisa para se fazer, como um jogo de mundo aberto! E convenientemente minha série de corrida favorita do PS2 tinha justamente se tornado mundo aberto no PS3, então Burnout Paradise era a escolha perfeita!

Na época eu adorei o jogo, joguei insanamente e fiz todo tipo de coisa que existia para se fazer dentro dele, então vejamos se ele continua tão empolgante mais de uma década depois!

Burnout Paradise

Desenvolvedora: Criterion Games

Lançamento: 2008

Plataformas: PlayStation 3, Xbox 360 e PC



Burnout Paradise consegue algo muito bom, que é pegar várias coisas legais que a série já fez e juntá-las num belo pacote que ainda introduz várias novidades.

A mudança mais drástica e que mais afeta o gameplay é justamente o mundo aberto, no caso Paradise City, uma bela cidade da costa leste dos Estados Unidos.

Desde o início do jogo podemos correr por todo o mapa, conhecendo os locais, descobrindo tudo que a cidade tem a oferecer e encontrando corridas e outros eventos em cada um dos 120 semáforos espalhados pelo mapa. A área do jogo é razoavelmente grande e bem variada, com distritos comerciais, industriais, avenidas turísticas na beira da praia e uma porção enorme do mapa destinada para as montanhas e ambientes rurais.

Por mais que gostasse muito dos locais espalhados pelo mundo do Burnout 3 e do Revenge, Paradise City também conseguiu me conquistar e dirigir pelo mapa realmente é uma ótima experiência.


E essa liberdade não se limita aos nossos momentos descontraídos, mesmo dentro dos eventos podemos ir para qualquer lugar: a maioria dos eventos só estabelece um local de início e um local de chegada, como iremos até lá é nossa escolha.

Claro que o jogo sugere uma rota, afinal a gente começa sem conhecer nada do mapa, mas se preferirmos outro caminho, conhecermos um atalho ou mesmo se errarmos uma curva, é totalmente possível seguir em frente e chegar ao final dessa maneira. Às vezes uma certa rota pode até ser mais longa, mas se formos mais familiarizados com ela é possível que ela acabe nos ajudando.

Inicialmente não diria que Burnout é o tipo de jogo que encaixa num mundo aberto, mas funcionou. A única coisa que deveria ser melhor é a forma como o jogo nos mostra o caminho, pois a única indicação que temos é uma placa piscante quando estamos chegando na curva, o que nem sempre é suficiente no ritmo frenético do jogo. As corridas já são alucinantes, quando o jogo avisa uma curva bem em cima da hora fica desesperador e a chance de uma batida é grande.

Isso vai perdendo a importância conforme jogamos e conhecemos o mapa, mas era fácil de ser evitado. O jogo poderia traçar nossa rota no mini-mapa, para podermos checar de vez em quando, ou mostrar a rua em que devemos virar bem antes dela realmente chegar, apenas dando mais ênfase conforme chegasse a hora.

Underground 2, por exemplo, marcava o caminho com aquelas setas gigantes luminosas, e Midnight Club colocava muitos checkpoints pelo percurso. Usar algo desse tipo tiraria a peculiaridade de Paradise, mas acredito que ambos aproveitam bem o mapa sem complicar a vida do jogador.


Outro incômodo que poderia ser evitado é que não existe fast travel, às vezes uma corrida termina num local e o outro evento que queremos está do outro lado do mapa.

Ao contrário do problema anterior, esse incomoda mais perto do final do jogo, quando quase todos os eventos já foram vencidos. Muitas vezes eu vencia um evento, colocava para tentar novamente e depois cancelava, só porque o ponto de partida estava bem mais perto do próximo evento que eu queria participar.

Mas ainda assim eu gosto do mundo aberto de Burnout Paradise, então falemos de algumas coisas positivas que ele trouxe.


A coisa mais bacana, na minha opinião, é o modo como liberamos parte dos carros do jogo. Eles simplesmente começam a vagar pelo mapa da cidade, correndo loucamente pelas ruas, e temos que encontrá-los e destruí-los para que eles entrem na nossa coleção.

É muito legal estar de boa no mapa e de repente ver um deles passando por nós, a perseguição é alucinante, a recompensa é ótima e sempre existe a chance de perdê-lo de vista e ter que esperar o próximo encontro, então esses são momentos bem divertidos e emocionantes.

Algo que afeta os eventos são alguns "drive-thrus" que podemos usar. Postos de gasolina, por exemplo, completam nossa barra de turbo, enquanto oficinas consertam todo o estrago que fizemos no nosso carro, o que pode ser vital em eventos como Road Rages, onde temos um limite de dano.

E por fim temos uma penca de colecionáveis, como outdoors para quebrar, atalhos e grandes rampas. Nem todo mundo tem a paciência para encontrar todos e é normal, mas ainda assim é legal esbarrar com eles casualmente durante o jogo. E quem tem dedicação para fazer 100% vai ter muita coisa para fazer, pelo menos umas 20 horas de gameplay.


Em questão de eventos, temos duas novidades: o Stunt Run e o Marked Man. No primeiro ganhamos pontos por todo tipo de manobra, desde drifts até longos saltos, e no segundo precisamos chegar vivos em outro ponto do mapa enquanto vários carros tentam nos destruir.

Não temos mais o modo Crash, infelizmente, mas ele foi substituído pelo Showtime, que é parecido. Nele nós podemos capotar nosso carro inúmeras vezes para causar o maior estrago possível, recebendo pontos a cada veículo atingido ou até multiplicadores no caso de ônibus.

O Showtime não influencia o modo principal do jogo, mas pode ser ativado a qualquer momento durante a exploração e é bem divertido. O modo Crash ainda faz falta e seria super legal se tivéssemos os dois, mas o modo Showtime aproveita bem mais o mapa aberto e é uma ótima adição.


O básico da jogabilidade não tem mudanças drásticas, é o Burnout que já conhecemos e amamos, mas o jogo traz uma novidade excelente no sistema de turbo, que na minha opinião é a mais interessante de todas.

Se vocês se lembram da história da série, sabem que os dois primeiros jogos têm um sistema de turbo enquanto o 3 e o Revenge têm outro. Mas Paradise vai além e consegue manter os dois sistemas! Para isso a seleção de carros é dividida em três modalidades: Speed, Agression e Stunt.

Veículos do tipo Speed têm uma pequena barra de turbo que precisa ser carregada e usada de uma só vez, mas que se completa repetidamente desde que o jogador dirija perigosamente, assim como nos dois primeiros jogos.

Veículos Agression já seguem o estilo do terceiro e quarto jogos, podendo usar o turbo a qualquer momento e suas barras podem triplicar de tamanho, dependendo do que o jogador fizer. Eles são os modelos que mais recebem turbo por atacar os rivais.

Os veículos Stunt também podem usar o turbo a qualquer momento e já possuem uma barra bem grande, mas sua principal fonte de turbo são as manobras, principalmente saltos.

Sinceramente? Acho isso genial! Eu entendo a mudança que fizeram no Burnout 3, mas gosto muito do sistema original e Paradise consegue fazer a junção perfeita, sem que pareça forçado. Se a série continuasse (posso sonhar, não?) acredito que o ideal seria manter essas divisões.


E é claro que as diferenças não ficam só no turbo. Os Speed são mais leves e rápidos, mas também mais fracos, os Stunt prezam pelo melhor handling e os Agression são mais lentos, mas muito mais fortes. Oras, alguns dos carros Agression são capazes de sair batendo nos carros do tráfego sem problema, até mesmo alguns da contramão!

É isso mesmo, eles conseguiram ressuscitar o Traffic Check do Burnout Revenge! E não é algo exagerado como era lá, aqui é algo bem mais compreensível e continua bem divertido de usar. Sair com a caminhonete Takedown 4x4 batendo em todo mundo é ótimo!

A seleção de carros é muito boa, inclusive. Em termos de beleza talvez perca para o Revenge, mas ainda assim tem muitos modelos bem bonitos e muita variedade, incluindo carros clássicos, um furgão, uma SUV e o carro de fórmula 1.

Devo dizer também que é legal como se esforçaram para colocar mais personalidade nos carros. Nada de "Muscle Type 1" ou "Custom Classic", agora temos marcas e modelos fictícios, como o Krieger Überschall 8 ou o Carson Annihilator.

Oras, pode não fazer nenhuma diferença na prática, mas causa uma impressão bem mais bacana!


Visualmente Burnout Paradise é sensacional, é o tipo de jogo que não vejo o menor sentido em ser remasterizado, pois o original continua lindo. O cenário é muito bom, a iluminação também, principalmente com a passagem do tempo e mudanças de clima, e os carros são impecáveis, ainda mais quando batemos.

As batidas aqui são muito belas e a equipe sabia disso, as cutscenes que temos a cada batida são excelentes e ver nossa lataria se deformando em câmera lenta é estranhamente satisfatório. Podemos bater trocentas vezes, essas cutscenes nunca se tornam cansativas pois são muito bonitas.

Elas são tão boas que a Criterion nem colocou motoristas nos carros para não deixá-las violentas demais e ter que aumentar a classificação do jogo. A gente dirige como se essa fosse uma versão mais legal do mundo dos Carros da Pixar!

Mas falando em batidas, devo dizer que não temos como desativar a câmera de takedowns, o que me incomodou um pouco depois de ter acostumado a jogar sem ela nos títulos anteriores. Por várias vezes ela me salvou de batidas, mas também houveram vezes em que ela me sacaneou ou que simplesmente não foi para onde eu gostaria, afinal com o mundo aberto o jogo nem sempre sabe para onde quero ir.

Outra coisa chata é que não temos o multiplayer local, apenas o online. Isso praticamente se tornou padrão na sétima geração, mas não posso deixar de citar, pois sempre acho uma grande mancada.


A trilha sonora do jogo é extremamente aleatória, mas bem empolgante. Ela é tão aleatória que temos Paradise City do Guns and Roses como um excelente tema principal, Girlfriend da Avril Lavigne e até músicas clássicas de Beethoven, Mozart e Tchaikovsky! Se isso não é uma seleção diversa eu não sei o que é!

Temos também muitas músicas retornando de jogos passados, desde os temas instrumentais dos primeiros jogos até músicas licenciadas dos mais recentes, como é o caso de Girlfriend.

Mas ei, pelo menos não temos quatro idiomas diferentes!

De qualquer forma é uma playlist bacana e, com a opção de desativar músicas específicas, não vejo como pode desagradar alguém. No pior caso é só deixar Paradise City, I Wanna Rock e Too Much, Too Young, Too Fast num loop eterno!

VEREDITO

PONTOS POSITIVOS
• Gameplay frenético e divertidíssimo, como é comum na série
• Divisão dos carros com estilos diferentes de turbo e performance
• Paradise City é um playground muito divertido
• Muitos eventos e muitas coisas para se fazer no mapa
• Gráficos lindos e batidas espetaculares
• Trilha sonora empolgante


PONTOS NEGATIVOS
• Navegação pela cidade deixa a desejar em certos pontos
• Ausência do multiplayer local


Burnout Paradise está entre os melhores jogos de corrida da sétima geração. Ele mantém o gameplay frenético característico da série, junta várias ideias que a série já havia experimentado e ainda é ambicioso o suficiente para trazer várias novidades, sendo o mundo aberto a maior delas.

Ele pisa na bola em certos detalhes que a gente vê como poderiam ser melhorados, mas isso não tira o mérito das muitas horas de diversão que ele é capaz de proporcionar. Mais um título excelente para o currículo da série Burnout!

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