MotorStorm Apocalypse


Com três jogos nas costas, MotorStorm já tinha enfrentado um deserto, uma ilha tropical e as montanhas geladas do Alasca.

Para um novo festival era necessário um novo ambiente e talvez fosse difícil pensar numa opção nova e bem diferente das anteriores, mas acho que ninguém imaginou o que realmente viria a seguir: a Evolution decidiu chutar o balde e colocou sua série de off-road numa cidade!

Uma decisão arriscada, devo dizer. Mas vejamos como eles se saíram!

MotorStorm Apocalypse

Desenvolvedora: Evolution Studios

Lançamento: 2011

Plataformas: PlayStation3



MotorStorm Apocalypse traz diversas coisas novas para a série, sendo a maior delas essa grande mudança de ambiente. Dessa vez o festival não foi para um local inóspito no meio da natureza, mas sim para uma metrópole da costa oeste dos EUA que está sofrendo uma enorme crise de terremotos.

A maior parte da população já evacuou a cidade, o cenário está todo destruído, os tremores continuam acontecendo e os perigos são maiores do que nunca, pois a qualquer momento prédios inteiros podem vir ao chão bem na nossa frente ou em cima de nós.

Se isso não fosse o bastante, as pessoas que permanecem na cidade são vândalos loucos e uma empresa de segurança militar está invadindo a cidade para expulsá-los. Isso tudo faz com que esse seja o local mais insano que a série já usou, com situações absurdamente perigosas.

O modo como o terremoto afeta o cenário é de longe o ponto alto do jogo, principalmente quando jogamos pela primeira vez. São coisas realmente grandiosas e ter que escapar enquanto corremos loucamente é bem emocionante.

O leque de coisas que podem acontecer também é bem variado. Prédios caem, pedaços do asfalto se erguem ou mesmo desabam nos levando para os túneis do metrô, tanques e helicópteros destroem coisas e etc. Uma das corridas até tem um tornado tirando coisas do chão e jogando por aí, é sensacional!


Mas, por mais que seja alucinante correr no meio desse caos, é claro que essas mudanças também quebram muita coisa que a série representa.

Mesmo com pistas sendo totalmente arrasadas pelo terremoto, elas não são off-road e isso reflete no gameplay, afinal uma das marcas da série são os tipos diferentes de terreno e como cada classe se comporta neles. Antes nós víamos uma combinação de classe e pista e já planejávamos o melhor caminho, mas aqui isso não importa tanto, as diferenças entre os terrenos pouco afeta nossa jogatina.

O caos da violência entre os carros também fica um pouco de lado, perdendo espaço para os eventos grandiosos do terremoto e a interferência dos outros grupos de pessoas que estão na cidade. Atropelar pessoas é super divertido num GTA ou Saints Row, mas em MotorStorm não é algo muito bem-vindo.

As diversas rotas e classes continuam sendo um fator bacana, mas já não têm o mesmo peso que tinham nos jogos anteriores.


Aliás, temos cinco classes novas: os Supercars, os Muscle Cars, os Superminis, as Choppers e as Superbikes. Eu considero essas novidades bem desnecessárias, pois são praticamente pequenas variações de outras classes e só deixam as coisas mais confusas, é muito melhor quando as diferenças entre cada classe são fáceis de identificar, como era no primeiro MotorStorm.

Diria que é muito melhor ter uma adição pequena, mas que faz sentido, como foi no Pacific Rift com os Monster Trucks.


Outra coisa que também pode incomodar os fãs de longa data é que o controle dos carros está diferente, mais veloz e escorregadio, basicamente um estilo mais exagerado de arcade. Não é ruim, mas você sente a diferença e isso naturalmente acaba contribuindo para que Apocalypse não pareça uma sequência tão adequada para a série.

Digo, se esse fosse um jogo novo esses últimos parágrafos não existiriam e essa análise seria só de elogios até agora, mas como um MotorStorm não dá para ignorar essas questões. Apocalypse é um jogo de corrida muito bom, mas não é um MotorStorm tão bom assim.


Mas um ponto forte da série que permanece aqui é o ótimo design de pistas. A temática deu muita liberdade para a criatividade da equipe, resultando em circuitos muito legais que ficam ainda mais insanos com as alterações no caminho.

A Skyline, por exemplo, está entre minhas favoritas da série e é excepcional. Sempre gostei das pistas nas alturas e não esperava uma desse tipo num ambiente como do Apocalypse, mas temos a Skyline e ela é espetacular. Ficar no chão enquanto os prédios podem cair já é insano, mas correr no topo deles é outro nível!

Tecnicamente o jogo tem poucas pistas, apenas nove, mas cada uma tem variações conforme os tremores destroem a cidade. Às vezes são poucas diferenças, mas em outras muita coisa muda, então não dá para simplesmente olhar o número de pistas e dizer que é um número pequeno, pois o jogo consegue se sair bem com essa quantidade.


Na parte gráfica novamente não temos uma evolução e nessa altura o visual acaba deixando a desejar. Os efeitos das explosões e destruições são legais - embora não tão impressionantes, já que são totalmente scriptados -, mas o cenário em si é bem feio, com poucos detalhes, uma modelagem bem grosseira e uma iluminação bem básica.

De fato considero o primeiro jogo bem mais bonito que esse, o que não deveria acontecer. E também não dá para culpar as alterações do cenário, pois se esse fosse o caso Split/Second não seria tão lindo!

E oras, ele saiu um ano antes de Apocalypse!

Já na trilha sonora a equipe se saiu bem, por mais que também tenha tomado um caminho diferente. Ao invés das músicas licenciadas temos uma trilha instrumental original que é muito boa e, considerando a temática "filme de desastre", encaixa bem melhor na ideia.


E chegando nessa parte da análise eu percebo que não mencionei a história do jogo. Pois é, dessa vez temos uma história e personagens para acompanhar!

Eu sempre digo que JOGOS DE CORRIDA NÃO PRECISAM DE HISTÓRIA e Apocalypse é um bom exemplo disso. O jogo tenta fazer com que a gente se importe com seus protagonistas mas eu sinceramente nunca dei a mínima para nenhua deles, de fato tinha muito mais estima pelo meu motorista com roupa de esqueleto do primeiro jogo do que pelo Mash, pelo Tyler ou pelo Big Dog.

Claro que ninguém espera muita qualidade narrativa nesses casos, mas mesmo assim não faz sentido perder tempo com algo tão superficial e desnecessário.

A única coisa boa que a história traz são corridas legais de início e fim para cada personagem. Elas são de ponto a ponto ao invés de circuitos, encaixam bem no contexto e são bem divertidas.

Uma outra adição foi a customização dos veículos, que na época era algo bem legal mas que hoje não serve pra nada, pois praticamente tudo era liberado no modo online.

Digo, até mesmo modelos de carros eram liberados no online e agora estão bloqueados para sempre! Uma grande mancada, afinal qualquer modo online morre em alguns anos, mas o jogo continua e não deveria ser tão prejudicado por isso.


VEREDITO

PONTOS POSITIVOS
• Ótimo design de pistas
• Gameplay rápido e alucinante

• Efeitos do terremoto nas corridas são muito divertidos
• Boa trilha sonora


PONTOS NEGATIVOS
• Perde muito da essência da série
• Gráficos deixam a desejar

• Carros e itens da customização agora estão inacessíveis

A melhor forma que encontro para definir Apocalypse é que ele é um jogo bacana e existem diversos motivos para conferi-lo, mas esses motivos são bem diferentes daqueles que nos conquistaram nos primeiros três jogos.

O jogo tem diversas ideias que são muito divertidas, mas que não combinam tanto com o espírito da série e podem desagradar aos fãs mais puristas. Mas de qualquer forma as corridas são alucinantes, as pistas são muito bem desenhadas e é possível se divertir bastante com ele, então continua sendo um título que merece ser conferido.

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