Sly 2: Band of Thieves


Eu me considero um fã da série Sly Cooper. Comecei a jogar com Sly 2, eventualmente peguei Sly 1 e 3 na Collection, esperei Thieves in Time sair, comprei no lançamento, platinei no PS3 e no Vita e estou até hoje esperando a Sony ter vergonha na cara e lançar um Sly 5 para concluir a história que a Sanzaru deixou inacabada.

Ora diabos, terminar um jogo num cliffhanger sem ter certeza que vai existir uma sequência deveria ser proibido!

Mas estamos divagando.

A questão é que, por mais que eu seja fã da série toda, acredito que seria bem diferente se não fosse a existência de Sly 2. Não só por ser o jogo que me fez conhecer a franquia, mas também porque ele é de longe meu favorito. Tenho certos problemas com Sly 3 e Thieves in Time e o primeiro jogo é bem divertido, mas não do tipo que me deixaria obcecado. Sly 2, por outro lado, está muito acima disso e, mesmo vendo alguns defeitos, é um jogo que continua me divertindo depois de tantos anos.

E mais uma vez eu já falei minha opinião sobre o jogo logo no começo da análise. Mas vamos lá, leia o resto também!


Sly 2: Band of Thieves

Desenvolvedora: Sucker Punch

Lançamento: 2004

Plataformas: PlayStation 2



Se estão bem lembrados, o primeiro jogo terminou com Sly derrotando Clockwerk, o longínquo arqui-inimigo da família Cooper, num vulcão da Rússia.

Mas aparentemente deixar o corpo do bicho afundando num lago de lava não foi o suficiente, pois dois anos depois o corujão volta a causar problemas. Na verdade não é ele em si, mas um grupo de criminosos - conhecido como Klaww Gang - que rouba o cadáver, divide as partes do corpo entre eles e então cada membro passa a usá-las em seus próprios negócios, como fortalecer uma máquina de hipnose ou acelerar a produção de tempero ilegal.

Sim, um dos vilões do jogo produz tempero ilegal. Faz sentido no final das contas, mas no começo realmente parece algo meio besta.


Sly e sua gangue então precisam ir atrás dessas partes para evitar que qualquer coisa pior aconteça. Tudo isso enquanto são perseguidos pela adorável inspetora Fox, é claro, que agora até tem uma parceira para ajudar no caso.

Eu diria que a história e seus personagens são um dos pontos fortes do jogo. Os membros da gangue são mais desenvolvidos e aparecem mais (o nervosismo de Bentley quando tem que agir é sempre engraçado), a trama é bem mais complexa que a do primeiro jogo e até temos uma decisão bem ousada por parte da Sucker Punch no final do jogo, que afeta bastante um dos personagens.

A vilania do jogo também chama a atenção, pois a Klaww Gang tem vários personagens bacanas. Jean Bison é o meu favorito, mas Arpeggio também é bacana e mesmo Dimitri é um idiota bem engraçado.


Mas onde Sly 2 realmente evolui é no gameplay, mudando muita coisa da fórmula do primeiro jogo.

Uma das novidades é que agora Bentley e Murray são totalmente jogáveis, ao invés de aparecerem apenas em missões estilo mini-game. E eles são bem diferentes de Sly, o que deixa tudo bem variado.

Bentley é expert em demolições e bugigangas, com ele podemos criar armadilhas para os guardas, atingi-los com dardos soníferos, encolhê-los com uma bomba especial ou até congelar o tempo e sair por aí que nem o Mercúrio dos X-Men. Já Murray andou treinando desde o primeiro jogo e agora é o peso pesado da equipe, podendo lutar com trocentos guardas sem problemas.


O controle de Sly é familiar para quem jogou o primeiro, mas está mais fluido e também tem suas novidades, como o pickpocket, que é extremamente útil, um pára-quedas, nuvens de fumaça e etc. Os elementos novos de stealth sem dúvida são muito bem-vindos no gameplay.

Dessa forma temos três personagens bem distintos para aproveitar o jogo. Bentley e Murray só ficam devendo na locomoção pelos cenários, principalmente em mapas específicos, mas são bem legais e diria que sacanear os guardas com as bugigangas do Bentley várias vezes consegue ser ainda mais divertido que jogar com o Sly.

A maior parte desses truques e habilidades específicas são comprados na "ThiefNet", uma loja dentro do jogo. O gameplay padrão já é muito bom, mas certos power-ups passam a ser indispensáveis depois que os compramos.


Outra grande mudança é no level design. Ao invés de várias fases lineares, onde o único objetivo é chegar ao final, agora temos mapas abertos e missões com diferentes objetivos, funcionando quase como uma versão simplificada de um GTA.

A principal vantagem que vejo nesse sistema é que podemos explorar os mapas a qualquer momento, com qualquer personagem e do jeito que quisermos. Com as bugigangas certas e um bocado de criatividade é possível se divertir muitíssimo nesses cenários, mesmo depois de finalizar o jogo.

Até hoje eu coloco o primeiro capítulo do Canadá e consigo me divertir com os inimigos. Provocar a Carmelita, os ursos, os guardas, colocá-los uns contra os outros, esperar o trem passar por cima ou mesmo invadir alguma das cabanas do mapa para acabar com todos os guardas sem ser detectado é diversão pura!

E as garrafas colecionáveis do primeiro jogo agora estão espalhadas pelo mapa, encaixando no level design de um jeito mais legal - e mais desafiador - que antes. Outro tipo de colecionável são tesouros valiosos que podem ser roubados, levados para o esconderijo e vendidos.


As missões são bem divertidas. Algumas são feitas no próprio mapa principal, aproveitando da liberdade que eles proporcionam, enquanto outras são feitas em locais específicos, geralmente dentro das instalações do vilão, e possuem um level design mais parecido com o do primeiro jogo.

Cada capítulo gira em torno de uma operação, geralmente o roubo de uma das partes do Clockwerk. Todas as missões são de preparação para ela e a última é justamente o grande roubo, onde cada membro da gangue põe em ação uma parte do plano. Esse estilo é muito bacana, parecendo bastante com aqueles filmes de assalto, e a dinâmica entre os personagens também dá uma sensação bem legal de trabalho em equipe.

Claro que, com um número grande de missões e tentando deixá-las bem variadas, é normal que algumas sejam chatas, principalmente as que envolvem mecânicas muito específicas, mas no geral é bem divertido.

As missões nos trens do Jean Bison, por exemplo, são sensacionais, e algumas são muito criativas, como uma em que Bentley não pode ser atingido e então usamos as armadilhas de um mausoléu para destruir hordas de inimigos que vêm contra ele.

Para o lado ruim poderia citar a parte de dançar tango na Índia, que é algo bem chato, e as partes controlando o tanque no mapa da Contessa, que tem péssimos controles. Eu sempre acho estranho quando uma equipe decide colocar uma parte de veículos no seu jogo e então coloca os comandos mais esquisitos possíveis ao invés de seguir o padrão de jogos de corrida, com os quais o jogador já deve estar acostumado. Ora bolas, não faz o menor sentido!

Mas a única coisa que realmente me incomoda no que se trata de missões é que não é possível refazê-las, no final do jogo você pode apenas brincar pelos mapas e se quiser jogar uma missão específica vai ter que fazer tudo de novo. Eu gosto de jogar sem objetivo, mas às vezes dá vontade de jogar certas missões e é ruim não ter um modo de fazer isso.


Visualmente a Sucker Punch continua com o visual cel-shaded, que dá aquele ar de desenho animado, e mais uma vez cria algo bem legal de se ver. As cores e a iluminação do cenário são muito bonitas e os locais têm charmes bem distintos, sejam as ruas noturnas de Paris ou as montanhas geladas do Canadá. Alguns elementos e inimigos têm modelos bem simplórios, mas isso não compromete o resultado.

Uma coisa que considero bem feita é a animação dos personagens principais, pois cada um tem seu estilo característico de se movimentar. Sly é suave e furtivo, como um mestre ladrão deve ser, Bentley demonstra seu nervosismo em todos os momentos e até desespero na hora de correr pelo cenário, já Murray é pesado e desajeitado, mostrando que não é nada sorrateiro mas que pode bater em qualquer um que surgir.

Gosto bastante desse tipo de detalhe visual, pois transmite a personalidade dos personagens em todo o tempo, não apenas nos diálogos e cutscenes.

A música também é muito boa, combinando tanto com a ação dos assaltos como com os cenários que visitamos. As músicas tema dos mapas principais são calmas, mas um tanto enigmáticas, enquanto as das missões são agitadas e bem mais emocionantes. Gosto muito das músicas usadas em Paris e no Candá, mas a trilha de todo o jogo é muito boa.


VEREDITO

PONTOS POSITIVOS
• História e personagens cativantes
• Estrutura de missões funciona muito bem com o jogo
• Mapas abertos oferecem mais liberdade
• Gameplay do Sly está mais refinado e com mais stealth
• Jogar com Bentley e Murray também é divertido
• Bons visuais, especialmente na animação dos personagens
• Ótima trilha sonora


PONTOS NEGATIVOS
• Não é possível refazer missões
• Alguns mapas são difíceis de navegar com Bentley ou Murray


Band of Thieves é uma grande evolução do primeiro jogo, com melhorias que já esperávamos e também novidades bem criativas na estrutura do jogo.

O modelo de mapas abertos com missões é ótimo e acabou se tornando o padrão da franquia, jogar com toda a gangue foi uma ótima adição, as novas habilidades também são muito bem-vindas e as relações entre os personagens estão ainda mais interessantes, assim Sly 2 é uma aventura divertidíssima e uma das melhores opções de plataforma no PS2.

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