Streets of Rage 2


No começo da vida do Mega Drive, a Sega tinha Altered Beast e Golden Axe como seus principais beat 'em ups e tudo estava tranquilo, mas então a Capcom veio com Final Fight, o beat 'em up que deixou todos os outros no chinelo e definiu o novo padrão a ser seguido no gênero.

E a Capcom não lançou Final Fight no Mega Drive, apenas nos fliperamas... E NO SUPER NINTENDO!

OH, O CAOS!

A dona Sega claramente precisava fazer algo, e então recebemos o clássico Streets of Rage, um jogo bem divertido, que saía na vantagem em vários pontos quando comparado com o port do FF no SNES e que deixou a garotada bem feliz com seus Mega Drives.

A Sega certamente também estava feliz com a grana, então encomendou uma continuação e assim fomos agraciados com Streets of Rage 2 no ano seguinte. Muita coisa mudou de um título para o outro, então vejamos qual foi o resultado!

Streets of Rage 2

Desenvolvedora: Sega

Lançamento:1992

Plataformas: Mega Drive



O jogo passado acabou com o Sr. X levando uma bela surra dos nossos heróis. O jogo não mostra com detalhes o que acontece, mas é de se imaginar que ele foi levado pra cadeia ou que simplesmente morreu ali mesmo, afinal levar golpes de cano na cara repetidas vezes não é muito bom para a saúde.

Mas aparentemente não foi o que aconteceu, pois um ano depois o vilão está de volta, pronto para tomar novamente o controle da cidade. Ele começa seu reinado do terror sequestrando Adam Hunter e esperando Axel e Blaze com uma armadilha, afinal quando ele se livrar dos três não haverá mais ninguém para detê-lo.

Ele só não esperava que Axel e Blaze recrutassem também Max "Thunder" Hatchett, um campeão de luta livre que é um dos heróis mais apelões do mundo, e Eddie "Skate" Hunter, irmão caçula de Adam que desafia as leis da lógica lutando de patins.

Oras, ele nem é o único personagem dos games que faz tal coisa, mas nunca vi sentido nisso!

Os quatro personagens então saem pelas ruas espancando todos os meliantes que encontram, até chegarem na cobertura do Sr. X para espancar o velho também!



A história é bem simples e basicamente a mesma coisa do jogo passado, mas felizmente a Sega não usou a mesma tática nas outras áreas do jogo e retrabalhou basicamente tudo do zero, o que foi uma excelente decisão.

O gameplay do primeiro jogo, por exemplo, era bem fluido e divertido, mas a experiência não variava tanto dependendo do personagem, o que não é muito legal. Já em SoR2, além de termos um personagem a mais, a jogabilidade entre cada um deles é muito diferente, ao mudar de personagem você também precisa mudar toda sua estratégia ou vai se dar muito mal.


Max é praticamente um trator, muito lento mas também extremamente forte e seus golpes rendem um dano absurdo, mesmo em chefões. Ele é até desbalanceado em relação aos outros e se você dominar alguns golpes dele o jogo fica bem mais fácil (mas igualmente - ou até mais - divertido).

Axel é um tanto equilibrado, mas pende um pouco mais para a força e tem um gancho flamejante bem legal de se ver. É o tipo de personagem que é bom para os iniciantes, mas que logo acabamos trocando por um que faz mais o nosso tipo.

Blaze é perfeitamente equilibrada, com boa velocidade e bons ataques, mesmo não sendo tão poderosos. Ela é minha favorita depois do Max (porque eu gosto mesmo de apelar) e é uma ótima experiência de jogo.

Já o Skate é o exato oposto de Max, bem fraco mas muito veloz, sendo o único que pode correr pelo cenário ao apertar o direcional duas vezes seguidas. Diria que jogar com ele é mais difícil, pois é preciso bater e correr, ser cercado pelos inimigos complica e muito as coisas.

Mas aposto que o Sr. X deve ficar bem surpreso ao ver um adolescente de patins chegando na sua cobertura depois de acabar com todos os seus capangas. Definitivamente é algo que vai deixá-lo ainda mais envergonhado enquanto se recupera para o terceiro jogo.


Essas diferenças também aparecem em coisas mais específicas, como nas armas. Se o Max usa um cano, por exemplo, o movimento que ele faz para trás antes do golpe é capaz de acertar um inimigo desavisado que está se aproximando pelas costas. Já Blaze é a única que tem um combo de dois golpes com as facas, tornando essa arma bem mais vantajosa para ela do que para os outros personagens.

Diferenciar os personagens se tornou algo esperado em beat 'em ups depois de Final Fight, mas SoR2 faz isso bem demais, nos dando mais formas de aproveitá-lo e aumentando muito o fator replay. E os movesets são extensos, temos ótimos combos, muitas formas de lidar com os inimigos e o jogo não fica cansativo.

Streets of Rage 2 é divertido se jogarmos por só fase, por duas horas seguidas ou mesmo por vários dias até dominá-lo, o que é excelente!


O nosso ataque especial também mudou, agora seguindo o estilo "death blow", que tira um pouco da nossa própria vida.

Esse é o único ponto que eu certamente preferia o primeiro jogo, pois o especial do carro de polícia era excelente e eu sempre usava sem remorso no chefão, algo que não acontece tanto aqui. Mas ainda assim não acho que seja negativo, é um padrão do gênero e é legal ver que cada personagem tem seu próprio golpe especial.

Aliás, gosto bastante do nível de dificuldade de Streets of Rage 2. Não é fácil e nem absurdamente difícil, é um nível bem equilibrado que oferece desafio, mas sem apelar para os truques mais baratos possíveis. Ir pra cima de um chefão não é uma tarefa suicida, dá para encaixar combos bem legais neles e o tanto de vida que eles nos tiram também não é nada absurdo.


Outro aspecto que melhorou muito do primeiro jogo para esse foram os gráficos. Streets of Rage 2 é lindo!

Os sprites dos personagens agora são grandes e mais caprichados, com mais detalhes e um belo sombreamento. As animações também estão melhores, o que é evidenciado pelo leque de movimentos que cada personagem tem, mas que não fica só nisso, pois mesmo a animação "idle" (aquela que acontece enquanto não estamos nos movendo) é muito mais elaborada. Os inimigos também acompanharam a mudança, é claro, e têm sprites novos, maiores e bem mais bonitos.


E eu já gostava dos cenários do primeiro jogo, mas eles também melhoraram bastante e agora incluem ambientes variados dentro de uma mesma fase.

Você pode começar numa rua, entrar num bar e acabar lutando com o barman no beco dos fundos, começar num parque e lutar dentro das atrações, como um barco pirata e uma caverna alienígena, ou até passar por um campo de baseball e descer num elevador até um ringue de luta subterrâneo.

Oras, essa é uma baita evolução do primeiro jogo, onde o cenário do início da fase se repetia até o final!

Alguns temas das fases até foram reciclados do primeiro jogo, como a ponte em construção e a fábrica, mas ficaram muito mais legais, então não me importo com a repetição.

Já a música era um ponto que realmente não precisava de melhoria, pois o jogo original arrebentava. Mas pelo menos podemos ficar tranquilos de que está tão excelente quanto, talvez até melhor dependendo da sua preferência.

A trilha foi composta por Yuzo Koshiro, como no jogo anterior, e segue um estilo bem parecido. Complementa muito bem nossa ação e continua sendo um dos pontos fortes da série, por mais que agora esteja tudo mais equilibrado.


Streets of Rage 2 é meu beat 'em up favorito de todos os tempos. O gameplay é intuitivo para entreter um principiante, mas complexo o suficiente para prendê-lo por bastante tempo, e todo o design do jogo é sensacional, com fases super divertidas e lutas memoráveis.

Ele também é um exemplo de como uma sequência pode aprimorar a fórmula original. Oras, a série começou na sombra de Final Fight e agora já estava de igual para igual, sendo a vencedora na opinião de muitos jogadores!

Simplesmente um grande clássico!


PONTOS POSITIVOS
• Movesets intuitivos e cheios de golpes
• Cada personagem oferece uma experiência diferente
• Fases e cenários muito divertidos
• Desafiador na medida certa
• Gráficos fenomenais
• Ótima trilha sonora


PONTO NEGATIVO
• Sistema de especial do primeiro jogo era mais divertido

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