Aladdin (Mega Drive)


A Disney certamente estava inspirada para lançar jogos na década de 90. Mickey e Donald estrelaram aventuras até que a gente enjoasse e todo filme novo lançado recebia sua versão jogável mais cedo ou mais tarde.

Claro que nem todos eram bons jogos, mas considerando que alguns eram bons o bastante para se tornarem clássicos dá para dizer que saímos no lucro.

O Aladdin do Mega Drive é um dos mais lembrados desse período (diabos, ele é o terceiro jogo mais vendido do console, perdendo só para os Sonics!), então vamos ver se essa aventura com um belo luar e orgias demais é realmente digna de tal reconhecimento!

Aladdin

Desenvolvedora: Virgin

Lançamento: 1992

Plataformas: Mega Drive



Como é de se esperar, o jogo segue basicamente a mesma história do filme. Jafar quer a lâmpada mágica, mas ela está escondida numa caverna-tigre-falante e o único que pode entrar para pegar é Aladdin, o camponês de nobre coração que vai todos os dias ao mercado roubar pão. Jafar então engana o rapaz, o macaco engana Jafar e assim Aladdin se torna o novo amo do gênio da lâmpada.

O jogo é principalmente de plataforma, embora tenha um pouco de ação também. Ao invés de pular na cabeça dos inimigos, por exemplo, Aladdin tem uma espada e pode sair fatiando cada um deles.

Não literalmente, é claro, afinal é um jogo da Disney, tanto que a forma alternativa de atacar é jogar maçãs na cara deles. É um método bem mais seguro, mas temos um número limitado delas e precisamos coletar mais se quisermos abusar disso.


Eu sinceramente não gosto do combate no jogo. Atacar os inimigos com uma espada deveria ser algo muito legal, mas a detecção de hits é estranha e é difícil "sentir" a luta, não fica muito claro quais golpes estão funcionando e muitas vezes parece que estamos atacando aleatoriamente, esperando que o inimigo morra antes de tomarmos dano.

Apesar que se defender das facas jogadas e mandá-las de volta para os inimigos é bem legal, isso tenho que admitir!

Durante as fases normais a gente acaba se acostumando, pois pelo menos Aladdin pode levar vários hits antes de morrer, mas as lutas com os chefões acabam sofrendo bastante com esse problema. Dois deles podem ser facilmente encurralados e então é só atacar sem parar até derrotá-los, enquanto os outros são derrotados com maçãs, o que funciona normalmente mas que acaba sendo bem entediante.

Oras, a luta final deveria ser um momento sensacional, afinal Jafar vira uma serpente gigante e até mesmo no filme Aladdin usa uma espada para atacá-lo, mas aqui não, a gente simplesmente fica atirando maçãs na cara dele e pulando de um lado para o outro para buscar mais.


Mas a parte de plataforma é bem legal, o que compensa bastante as coisas. Aladdin responde bem nos movimentos e o level design é bem trabalhado, fazendo com que o jogador vá para todos os lados do cenário, seja pulando normalmente, escalando ou mesmo pulando entre bexigas da cabeça do Gênio.

De fato, a fase da lâmpada é de longe a minha favorita do jogo! É puramente de plataforma, criativa pra caramba, muito bonita, com uma música super divertida e tem partes desmembradas do Gênio por todo lado!

E o Gênio é simplesmente um dos personagens mais legais de toda a Disney! Isso significa muito!


Outra fase que foge do padrão é a fuga da Caverna das Maravilhas com o Tapete Mágico, funcionando quase como a infame fase do jet ski do jogo dos Battletoads.

Mas você consegue terminá-la sem desejar socar a TV, essa é a maior diferença.

Também temos fases bônus controlando o Abu, que são meio irrelevantes mas ainda assim é engraçado jogar com o macaquinho correndo de um lado para o outro e desviando de jarros caindo do céu.


Eu sempre considerei Aladdin curto. Tecnicamente ele está na média da época, mas acredito que isso acontece porque o jogo fica bastante tempo nos acontecimentos do começo do filme e de repente pula para o final. A fase da lâmpada é a antepenúltima, depois temos só o palácio do sultão e o palácio do Jafar.

Se tivéssemos mais uma ou duas fases ali no meio elas provavelmente preencheriam melhor a história. Talvez a parte do Mundo Ideal ou mesmo aquele local distante onde Aladdin é jogado por Jafar dariam fases legais.


Mas a verdade é que o que mais chama a atenção em Aladdin são os visuais, o jogo é lindo!

E não é no sentido de "adaptaram bem o material nos gráficos do jogo", mas sim no sentido de "parece que os personagens saíram direto do filme para o jogo!" e isso é impressionante para a época.

O motivo disso é que a Sega chamou animadores da Disney para o projeto e desenvolveu uma técnica para transformar os desenhos em sprites. O resultado é excelente, a fluidez dos personagens é impecável e o jogo esbanja do mesmo carisma do filme em cada frame.


E a dedicação da equipe não ficou só nas coisas mais aparentes, existem alguns detalhes sensacionais que podem facilmente passar despercebidos pela maioria dos jogadores. Um exemplo disso é que se atirarmos uma maçã enquanto um guarda inimigo arremessa facas existe a chance das duas colidirem e a maçã ser cortada no meio.

Dá para acreditar numa coisa dessas? Os caras fizeram os sprites da maçã sendo cortada e das metades voando pelo ar!!

Outros caprichos muito divertidos são os inimigos queimando os pés nas brasas, os guardas que deixam as calças cair, os Mega Drives jogados no fundo da fase da lâmpada ou mesmo o Gênio de treinador de boxe sempre que morremos. São detalhes que simplesmente trazem um sorriso ao nosso rosto!


Os cenários também representam fielmente os locais do filme e são bem importantes para fazer com que a experiência seja autêntica. Como já disse gosto muito do visual na fase da lâmpada, mas todas cumprem muito bem seu papel e mesmo a fase da masmorra, que é baseada num trecho curto do filme, representa muito bem o visual original.

E a trilha sonora também é muito boa, trazendo versões digitalizadas de Príncipe Ali, Correr pra Viver, Noites da Arábia, Amigo Insuperável e Um Mundo Ideal. Algumas fases têm músicas originais e elas também são boas, combinando bem com as outras melodias.


Eu certamente não diria que Aladdin merece o terceiro lugar nas vendas do Mega Drive ou que é o melhor jogo da Disney para o console (ora bolas, QuackShot é um espetáculo!), mas ainda assim é uma bela aventura.

O gameplay poderia ser mais refinado em certos pontos (está claro que eles se importaram mais com a apresentação), mas são poucos os jogos que conseguem capturar a energia do material original tão bem quanto Aladdin, então ele é um jogo que vale muito à pena e que todo fã do filme deveria jogar!

PONTOS POSITIVOS
• Controle de Aladdin é fluido
• Fases criativas e divertidas
• Captura muito bem o estilo do filme
• Trabalho espetacular nos personagens e animações
• Trilha sonora divertida


PONTOS NEGATIVOS
• Combate é estranho e chefões são entediantes
• Poderia ter uma ou duas fases a mais perto do final

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