Mortal Kombat


A década de 90 foi um momento mágico para jogos de luta, afinal depois de Street Fighter 2 todos perceberam como o gênero era uma mina de ouro e tentaram com todas as forças criar seus próprios sucessos de pancadaria bidimensional.

Alguns conseguiram, como a SNK com The King of Fighters, enquanto outros fracassaram, como a Sega com Eternal Champions, mas nenhum se deu tão bem quanto a Midway com Mortal Kombat.

Um bom motivo para isso é que eles tiveram uma visão totalmente diferente do gênero, não ligando muito para certos aspectos mas ao mesmo tempo fazendo certas coisas que outras séries não tinham culhões para arriscar. Assim a série foi ganhando jogos e se tornou uma das mais populares e rentáveis séries de luta de todos os tempos.

Mas isso não significa necessariamente que o primeiro jogo seja uma obra-prima, afinal até mesmo Street Fighter teve um começo humilde, então é hora de relembrar as origens da série!

Mortal Kombat

Desenvolvedora: Midway

Lançamento: 1992

Plataformas: Arcades, Mega Drive, SNES, Amiga, MS-DOS, Game Boy, Game Gear, Master System e Sega CD



Com o passar dos anos a história do universo Mortal Kombat se tornaria extremamente complicada, mas aqui é bem simples: um mago centenário DO MAL chamado Shang Tsung quer fundir o seu mundo nefasto (o Outworld) com a nossa dimensão (chamada de Earthrealm dentro do jogo) e dominá-la. Para isso ele precisa vencer 10 torneios Mortal Kombat, então é nosso dever derrotá-lo e impedir que a Terra se torne o playground de magos caquéticos e brutamontes com quatro braços.

E ah! Ele já venceu nove torneios e os eventos do jogo se passam justamente no décimo, afinal salvar o mundo da destruição só tem graça quando acontece no último momento possível!


O que eu acho mais interessante nesse primeiro jogo é como eles já formaram um bom elenco logo de cara.

Temos Scorpion, Sub-Zero, Raiden e Liu Kang, que são basicamente os mais importantes de toda a série, e ainda temos Sonya Blade, Johnny Cage e Kano como jogáveis, Reptile como personagem secreto, Goro como subchefe e Shang Tsung como chefe final.

Ora bolas, é uma turma de respeito!

Nem Street Fighter, que é o único que rivaliza com MK na questão de elenco, começou com tantos personagens legais! O original só tinha Ryu, Ken e Sagat e o resto eram personagens genéricos sem a menor graça!

Claro que os personagens evoluíram no decorrer dos jogos e alguns estão bem simples aqui (Sub-Zero, por exemplo, é só um mercenário que foi pago para matar Shang Tsung), mas no geral todos são familiares e já trazem várias características marcantes.


O gameplay de Mortal Kombat é diferente da maioria dos jogos de luta dos anos 90, sendo extremamente simples em comparação. O jogo não foca em combos e os personagens não possuem diferenças de força, alcance ou velocidade, diferenciando-se apenas nos golpes especiais.

Algo legal dos golpes especiais é que eles são fáceis de fazer, geralmente envolvendo dois movimentos e um botão de ação. Mesmo se for para descobrir na raça (como costumava ser na época) ainda não era uma tarefa impossível.

Ainda são poucos golpes especiais por personagem (entre dois e três) e isso é o que mais pesa no gameplay para quem já está acostumado com os jogos seguintes da série. Liu Kang nem mesmo tem o chute bicicleta, por exemplo!

Mas mesmo assim devo dizer que vários golpes icônicos já estavam presentes aqui, como o arpão do Scorpion, o voo do Raiden ou até mesmo o soco nas bolas do Cage.


Esse modelo de gameplay é naturalmente pouco complexo, mas isso tem seu lado bom. Não demora quase nada para qualquer um aprender a jogar e a partir daí só resta dominar mesmo os golpes especiais e as estratégias de luta, afinal é sempre possível usar a criatividade e pegar os momentos certos para aplicar os golpes.

Claro, isso se estivermos no multiplayer, que é de longe o modo mais divertido. O modo arcade começa num nível normal, mas vai piorando até ficar consideravelmente difícil.

Temos uma luta com cada um dos outros sete participantes, uma luta contra o nosso próprio personagem, três lutas de resistência (onde temos que acabar com dois adversários numa mesma barra de vida), uma luta com o Goro e então finalmente a luta final com Shang Tsung.

Oras, você começa jogando normalmente, eventualmente precisa começar a apelar e no final nem mesmo apelar vai parecer suficiente. Se você quiser enfrentar Reptile, então, vai ser mil vezes pior!


Mas depois de vencer uma luta o jogo nos dá a possibilidade de estraçalhar o corpo derrotado do nosso oponente com os FATALITIES, a coisa mais sangrenta, cruel e desumana que um jogador pode realizar num jogo.

Bom, pelo menos era em 1992, tanto que a indústria teve que criar a ESRB para classificar o conteúdo dos vídeo-games. Hoje em dia esses fatalities são extremamente caricatos, mas é muito curioso ver os primórdios da violência que passou a fazer uma parte tão grande das nossas jogatinas.

Ser violento é uma das características mais divertidas da série Mortal Kombat e, assim como os golpes especiais, os fatalities também fazem parte do que torna cada personagem tão legal.


Outro ponto que impressionou a galera em 1992 era o visual do jogo, que usava sprites digitalizados de atores reais para os personagens. A série não é a única a usar essa técnica, mas faz bem melhor que os outros e funcionou muito bem. Mesmo olhando hoje acho que eles ainda são legais de se ver, pensando então na baixa resolução da época seria ainda melhor.

Em certos golpes e fatalities esse visual se torna bem caricato e até cômico, mas acho que era inevitável, afinal capturar movimentos tão específicos com atores reais devia dar um trabalhão e não é como se esse primeiro jogo tivesse um orçamento astronômico.

Goro e Shang Tsung também não passam a mesma veracidade dos outros lutadores, sendo que o primeiro foi feito de massinha e o segundo fica flutuando na tela de um jeito estranho. Goro até ficou bom para um boneco, só não fica tão bom quanto os personagens normais.

Os cenários seguem o mesmo estilo e os elementos são bem realistas, mas não conseguem evitar a sensação de que são simplesmente a colagem de trocentas imagens diferentes. Se tivermos pessoas no cenário fica ainda mais estranho, pois elas não se movem naturalmente e são bem desproporcionais.

O jogo recebeu ports para praticamente todas as plataformas da época, mas com os emuladores de hoje em dia compensa muito mais jogar o original dos fliperamas, afinal todas as outras versões sofreram vários desfalques, tanto nos gráficos como na violência, afinal as empresas da época não estavam preparadas para todo aquele sangue.

As músicas não são ruins, mas não chamam nem um pouco a atenção, os sons do combate acabam ficando bem mais evidentes. Também não temos muitas falas no jogo, mas as que temos conseguem ser bem marcantes, incluindo o "COME HERE" do Scorpion e o "FINISH HIM" nos convidando a tentar uma combinação de fatality.


Sinceramente, coisas assim fazem valer a pena revisitar o início de uma série.

Com mais de 10 Mortal Kombats à disposição existem poucos motivos para voltar ao primeiro, mas é interessante ver que muitas características marcantes da franquia já estavam presentes nesse primeiro jogo. Claro que tudo evoluiria nos jogos seguintes, mas é legal ver como tudo começou.

E o jogo continua genuinamente divertido, capaz de nos prender por um bom tempo tentando derrotar o velho Tsung. É um bom começo de uma grande série!

PONTOS POSITIVOS
• Elenco já traz diversos personagens icônicos da série
• Gameplay simples, mas bem divertido
• Personagens digitalizados funcionam muito bem aqui
• Bem violento (para os padrões da época, é claro)


PONTOS NEGATIVOS
• Personagens ainda têm poucos golpes especiais
• Certas partes do visual envelheceram mal

Comentários

  1. MK aplicou bem muitas novidades tecnológicas da época. Como a digitalização. Além disso tem personagens muito marcantes, tem razão. É um tipo de jogo que fez bem diferente de Street, trilhou um outro caminho. E deu certo. Não consigo comparar diretamente ele com Street Fighter. São ambos ótimos. E cada um com suas qualidades e defeitos. Mas não fico em cima do muro. Gosto dos dois. Embora prefira mais Street Fighter.

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