Gravity Rush


Enquanto jogava InFamous fiquei com vontade de jogar outro exclusivo PlayStation onde controlamos um personagem com super-poderes e temos formas bem peculiares de locomoção pela cidade: Gravity Rush, a pérola do PS Vita que depois foi lançada no PS4 porque até a Sony perdeu as esperanças no portátil.

Eu o joguei pela primeira vez há vários anos no Vita, mas vou analisar a versão PS4 simplesmente por não ter mais o portátil. Mas pelas minhas memórias a experiência foi basicamente a mesma, caso você tenha um PS Vita e ainda não tenha jogado.

Apesar que isso me leva a perguntar o que diabos você tem jogado no Vita. Oras, você desbloqueou e está rodando emuladores de SNES e Mega Drive?

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Ok, acho que esse é um bom uso para o console. Raios, agora me arrependo de ter vendido o meu!

Gravity Rush

Desenvolvedora: Japan Studios

Lançamento: 2012

Plataformas: PlayStation Vita e PlayStation 4



Apesar das semelhanças com InFamous que acabei de mencionar, Gravity Rush é japonês, então ao invés de termos um careca mal-encarado lutando com outros carecas mal-encarados temos uma garota fofinha numa roupa espalhafatosa salvando uma cidade de ilhas flutuantes de uns monstros bizarros feitos de gosma.

A criatividade dos estúdios japoneses sempre se destaca!

Kat - a garota fofinha - simplesmente acorda com amnésia no meio da cidade de Hekseville com um gato esquisitão ao seu lado. Ela logo descobre que quando o gato está por perto ela tem o poder de manipular a gravidade, podendo flutuar por aí e andar pelas paredes, e também que a cidade está sendo destruída por tempestades gravitacionais que já tragaram bairros inteiros e logo devem acabar com o que resta.

Então, como uma garota de bom coração que é, ela decide usar seus poderes para proteger a cidade e tentar recuperar os bairros perdidos. Logo ela se depara com Raven, outra manipuladora de gravidade que não é nada amigável, e faz certas descobertas em relação ao próprio passado e ao mundo em que vive.

O mundo criado para o jogo é intrigante e misterioso, você realmente se pergunta como as coisas funcionam, como se encaixam e é divertido encontrar algumas dessas respostas (e outras perguntas) conforme a história prossegue. A história se passa quase inteira na cidade de Hekseville, que é um cenário bacana, e os trechos da história que se passam em outros lugares nos deixam ainda mais curiosos para saber mais do resto do mundo.


Não existem muitos personagens relevantes na história, mas gosto da Raven e gosto bastante da Kat. Ela é ingênua, insegura, confusa com o mundo ao seu redor (algo que a gente consegue se identificar facilmente) e é simplesmente fofinha, algo que é bem raro de se ver num protagonista.

Claro que ela faz seus atos heroicos e impressionantes como qualquer outro protagonista superpoderoso, mas é de uma forma diferente. Ela atende mesmo os pedidos mais bobos das pessoas, ajuda como se fosse a coisa mais banal do mundo e às vezes até se cansa de fazer certas tarefas.

E na hora de conseguir um lugar pra ficar ela arruma um cano de esgoto e fica feliz com isso, saindo pela cidade para achar móveis e decorar o ambiente!

Com muitos jogos se esforçando para ter personagens "fortes", mas esquecendo de colocar uma personalidade cativante, é legal ver alguém como a Kat.


Meu problema com a história é que ela acaba de uma forma bem abrupta. Ao chegar na última missão pela primeira vez minha impressão foi que aquele era só o começo do terceiro ato e realmente fiquei empolgado pensando nas coisas legais que aconteceriam até o final do jogo, mas então a missão acaba e os créditos rolam.

Sério, fiquei bem surpreso que tinha acabado! E ainda fiquei com um bocado de perguntas sem resposta!

Acredito que vou encontrar respostas na sequência e realmente parece que o jogo foi feito com isso já em mente. Ainda bem que fez sucesso e deu tudo certo, pois senão seria uma grande mancada!

Também acho que o jogo poderia ter mais conteúdo. Temos só 20 missões da história, poucas missões secundárias (sendo que no Vita são DLC) e vários desafios pelo mapa, que são bem legais mas não preenchem esse "vazio", ainda parece que o jogo não oferece tantas atividades quanto poderia.


Mas a verdade é que o ponto mais cativante de Gravity Rush está no seu conceito e em como ele implementa isso no gameplay. Manipular a gravidade, oras, isso é puramente genial!

Eu tenho uma fraqueza por jogos com modos diferentes de locomoção e Gravity Rush está entre os melhores nesse quesito, vagar pelos cenários brincando com a gravidade é sensacional.

Acredito que a execução poderia ter se tornado bem confusa e desagradável, mas a equipe caprichou e o que temos é um sistema intuitivo que diverte sempre. Um simples toque no R1 tira a nossa gravidade e nos deixa levitando, aí é só mirar e apertar R1 novamente para "cair" na direção desejada. Ao atingir um prédio ou qualquer parte do cenário ele se torna o nosso novo "chão" e podemos caminhar normalmente por ele.

Não é nada incomum se pegar virando a cabeça enquanto olha para a tela ou mesmo esquecendo para qual lado é o chão. É muito fácil ficar imerso nesses poderes, então a gente se acostuma mesmo com as situações mais bizarras e se diverte sempre.


E Hekseville é um belo playground para essa manipulação. Uma cidade normal já seria legal, mas com ilhas flutuantes podemos ir literalmente para qualquer lugar, incluindo as partes de baixo de cada bairro.

O jogo até oferece opções de viagem rápida, mas eu as usei raramente, pois a viagem normal já é rápida o suficiente, é agradável e ainda nos dá a chance de pegar vários colecionáveis pelo caminho para melhorar as habilidades da nossa protagonista.

Aliás, gosto de como lidaram com os upgrades dos poderes e com os colecionáveis aqui. As melhorias são compradas com joias roxas flutuantes e existem GAZILHÕES delas espalhadas pelo mapa, além de termos boas somas como recompensas dos desafios. No começo parece até desanimador ver tanta joia pelo mundo, mas a verdade é que não precisamos coletar tudo, no final é comum ter tudo no máximo, milhares de joias sobrando na nossa carteira e várias outras ainda flutuando pelo mapa.


Mas, se por um lado a locomoção é genial e muito bem executada, o combate deixa a desejar pela repetitividade.

Não temos apenas um golpe para usar contra os inimigos, mas são poucos e um deles (o Gravity Kick) é muito melhor que os outros em qualquer ocasião, então não existem motivos para ficar variando. O Stasis Field (que nos faz arremessar coisas pelo cenário) também é um poder bacana, mas bem menos eficaz e por isso acaba não sendo tão usado, o que é uma pena.

Os inimigos também são todos do mesmo tipo e isso reforça a repetitividade, pois apesar dos Nevi surgirem em variadas formas, todos têm o mesmo ponto fraco (uma bola vermelha brilhante) e não é preciso desenvolver estratégias para derrotá-los, mesmo quando surgem aos montes.

A equipe poderia ter focado um pouco mais nisso para oferecer tanto um moveset mais cheio como uma variedade maior de inimigos.


Visualmente, Gravity Rush é um baita exemplar do poder que o Vita possui. A versão remasterizada melhora bastante esses visuais e, apesar de não ser nada impressionante para o PS4, ainda é um título bonito de se ver, principalmente pelo estilo artístico que o Japan Studios criou para o jogo, com um cel-shaded bem bacana e cenários pouco realistas, mas bem estilosos.

As cutscenes também são bem charmosas, apresentadas como se fossem uma história em quadrinhos e com desenhos feitos com muito capricho. E o visual in-game realmente segue um estilo bem parecido, então a transição entre uma coisa e outra é muito normal.

Com isso praticamente não temos dublagem para os diálogos, mas não chega a fazer falta. E a trilha sonora também é muito agradável, com um estilo que não tem nada a ver com outros jogos de ação/aventura e é muito mais animado, o que é contagiante e combina muito bem tanto com os visuais de anime como com a protagonista bobinha e otimista.


Gravity Rush era um dos títulos obrigatórios do Vita e, apesar de não alcançar nem de longe o mesmo status no PS4, ainda é uma experiência divertida.

Eu realmente gostaria que ele tivesse mais conteúdo e que eles tivessem trabalhado mais no sistema de combate, pois depois de um tempo esses problemas ficam bem notáveis e o impedem de alcançar todo o seu potencial, mas ao mesmo tempo ele é um jogo ambicioso que funciona muito bem com um conceito extremamente fora do padrão.

Manipular a gravidade é inovador, divertidíssimo e flui muito naturalmente, então o jogo oferece uma experiência realmente única, diferente de qualquer outra coisa que já joguei.


PONTOS POSITIVOS
• Conceito e mecânica de controle da gravidade é genial
• Locomoção flui muito bem e diverte bastante
• Mundo intrigante e único
• Kat é uma protagonista divertida e incomum
• Belos visuais em cel-shaded
• Trilha sonora animada e contagiante


PONTOS NEGATIVOS
• História curta e que acaba de repente
• Pouco conteúdo secundário
• Combate muito repetitivo

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