InFamous 2


Ao jogar o primeiro InFamous percebi que ele não era exatamente como eu lembrava das minhas primeiras jogatinas, lá em 2010 quando meu PS3 era novo. Ainda é um bom jogo, não entendam mal, mas o ritmo parece bem mais lento. Poderia ser porque na época ainda não existiam tantos jogos com modos elaborados de locomoção por um mundo aberto, certo?

Acredito que sim, mas além disso temos o fator INFAMOUS 2 É MUITO MELHOR!

Ele saiu só dois anos depois do original, mas tem muitas melhorias e não foi afetado pelo passar do tempo da mesma forma, diria que continua tão divertido hoje como era em 2011! Então venham comigo para a análise!

InFamous 2

Desenvolvedora: Sucker Punch

Lançamento: 2011

Plataformas: PlayStation 3



Além de ter um final surpreendente, o primeiro jogo deixou um gancho muito bem definido para sua sequência: a Fera (uma criatura super poderosa e que devastou o mundo numa linha do tempo alternativa) está vindo e apenas Cole tem a chance de derrotá-la.

Ele pretende continuar se preparando e ficando mais forte para o confronto, mas a Fera surge antes do previsto, atacando Empire City. Cole a enfrenta, mas não consegue evitar a destruição da cidade e escapa vivo por pouco, fugindo para New Marais, onde vai encontrar o Dr.Wolfe, um cientista que ajudou a construir a Ray Sphere e sabe como aumentar seus poderes.

Cole tem pouco tempo para se preparar, pois a Fera continua com seu rastro de destruição a caminho de New Marais, onde um novo confronto é inevitável. E a preparação também vai ter suas dificuldades, como uma milícia comandada por um ditador que odeia conduítes.


A história não tem nenhuma reviravolta genial como no primeiro, mas completa muito bem a trama iniciada por ele e usa os personagens de formas mais interessantes.

Na jornada heróica, que é a minha favorita, Cole transmite muito bem que tem o peso do futuro da humanidade nos ombros e que não pediu por isso, mas que vai lutar até o fim para fazer a coisa certa. Ele realmente cativa bem mais que no primeiro jogo e consegue se tornar um personagem querido pelo jogador.

A amizade de Cole e Zeke também é um ponto bem agradável da narrativa, com momentos inusitados e até divertidos, descontraindo um pouco o drama dos acontecimentos. Honestamente, a "missão" em que os dois simplesmente assistem um faroeste no sofá bebendo cerveja até dormir sempre traz um sorriso ao meu rosto! O mundo está prestes a acabar e só eles podem fazer algo para evitar, mas é preciso relaxar de vez em quando!

Também temos novas aliadas: Kuo, uma agente da NSA toda certinha que acaba recebendo poderes de gelo, e Nix, uma conduíte criada nos pântanos revoltada com tudo e com todos e com poderes de óleo. Elas servem como influência boa e má para Cole e são legais para a história, principalmente a Kuo na segunda metade.


Assim como no primeiro jogo, eles não tentam borrar a diferença entre o bom e o mau caminho e quase todas as escolhas são totalmente discrepantes, como invadir um cativeiro da milícia por conta própria e explodir tudo (incluindo os reféns), ou invadir com a ajuda da polícia e salvar a todos.

Na verdade a escolha é quase uma ilusão, pois o mais indicado é escolher tudo de acordo com o lado que você começou e escolher algo diferente pode estragar as coisas. Numa das minhas jogatinas do mal, por exemplo, decidi que queria receber poderes de gelo ao invés de óleo (uma decisão que não tem muito a ver com a moralidade) e acabei passando instantaneamente do level 2 do mal para o level 1 do bem. Ora diabos, não era isso que eu pretendia!

Se eu fosse esperar novos jogos da série eu realmente gostaria de ver algo mais complexo e profundo, mas de qualquer forma os dois lados têm uma história bacana.

Mas tem uma escolha que nos faz dizer "eita!", que é a da última missão. Não vou dar spoilers aqui, obviamente, mas não posso deixar de dizer como os finais são impactantes e memoráveis.

Ainda me lembro da primeira vez que zerei no final bom, fiquei estupefato com os acontecimentos e doido para jogar no lado mau para ver como acabava! Aí depois de tudo também fiquei estupefato com os acontecimentos do final mau! A Sucker Punch fez dois excelentes finais!

E é claro que nos deixar curiosos para ver o outro final é uma característica muito importante para um jogo que incentiva mais de uma jogatina, então é bom ver que InFamous 2 faz isso tão bem!


No gameplay temos um monte de melhorias, tanto que depois de jogá-lo é estranho retornar ao primeiro jogo. Começamos com boa parte dos poderes adquiridos lá e só vamos melhorando a partir disso, incluindo até a inclusão dos poderes da Kuo e da Nix ao nosso arsenal.

O combate agora está lotado de opções. Cada poder básico (os tiros, as ondas de choque, as granadas e os foguetes) tem diversas variações que podem ser liberadas e alteram significativamente seus efeitos e a forma como os implementamos nos nossos ataques.

Um tipo de onda de choque, por exemplo, pode remover a gravidade e jogar os inimigos lentamente pelo ar enquanto outro tipo lança inúmeros espinhos de gelo junto com a eletricidade. Cada uma se encaixa de um jeito na estratégia, então é bom conhecer todas e usá-las conforme for melhor.

Essas variações já são novidade suficiente para o combate, mas temos algumas outras. Um poder novo é o "Kinect Pulse", que é basicamente uma telecinese elétrica e nos permite erguer e jogar objetos pelo cenário.

Jogar carros na cabeça dos inimigos é sem dúvida o uso mais legal desse poder, principalmente numa jogatina do mal. No lado bom você vai se preocupar em pegar carros desocupados e não atingir os civis, mas no lado mau você simplesmente vai arremessá-los loucamente, sem se importar com os passageiros ou com o efeito da explosão. Diversão pura, digo a você!


E uma mudança que conserta muito bem um defeito do jogo anterior é o Amp, uma arma de combate corpo a corpo que canaliza a energia de Cole em sequências de golpes bem eficazes.

Claro que o combate à distância continua sendo muito melhor, mas esse sistema funciona bem, sendo até preferível em certas situações, e tem muito estilo, algumas finalizações são muito boas.


Mas o gameplay não melhorou apenas no combate, na verdade as maiores melhorias vieram na locomoção pela cidade. É a melhor parte do jogo, está fenomenal!

Desde o começo já podemos planar e deslizar pelos cabos, o que já facilita as coisas, mas alguns dos upgrades que recebemos deixam tudo tão suave e ágil que é simplesmente um prazer sair pulando de telhado em telhado.

Um dos meus favoritos para a locomoção é o Ice Launch, que cria uma base de gelo sob nossos pés e nos lança para o alto. Usar um Ice Launch e planar logo em seguida é uma bela combinação e simplesmente muda o ritmo do jogo.

Também temos o Lighting Tether, um tipo de gancho que Cole pode mirar num ponto do cenário e então ser puxado para ele. É outro poder excelente, principalmente quando estamos na busca pelos colecionáveis!

E diria que o próprio cenário está mais eficiente, funcionando como um ótimo playground para nossos poderes. Cabos e fios de eletricidade estão por todo lado, as construções não são tão altas e ainda temos algumas estacas eletrificadas nas laterais dos prédios que nos impulsionam pra cima, assim New Marais se torna um lugar bem mais legal que Empire City.


O maior problema do gameplay de InFamous 2 (que é quase um "problema bom") é que temos tantos poderes diferentes que eles simplesmente não cabem na configuração do controle.

Digo, precisaríamos de um controle desses para comportar todos os poderes do jogo!

O direcional esquerdo abre um menu onde podemos trocar o tipo de poder entre as variações que comentei anteriormente. É uma boa solução, mas não tanto no caso do R2, que tem poderes bem distintos uns dos outros, como a telecinese, um escudo, o Ice Launch e o Lighting Tether. Eu certamente usaria alguns deles quase que simultaneamente, mas alterar no menu quebra o ritmo do jogo, então acabo evitando fazer a troca.

E no caso do Ice Launch/Lighting Tether isso poderia ser facilmente evitado, pois o primeiro é usado sem nenhum outro botão, enquanto o segundo precisa ser acompanhado pelo L1. Como os dois são poderes de locomoção eles poderiam ser combinados de forma excelente, mas acabam não sendo por causa disso.


Outra coisa que não é realmente ruim, mas poderia ser melhor são as missões secundárias, que são um tanto repetitivas. Elas seguem alguns padrões, sejam de combate, parkour ou até mesmo fotografia (é... pois é) e as situações que elas trazem não têm nada de especial.

Enfrentar hordas de inimigos ou atravessar alguns quarteirões sem cair no chão é legal em si e a gente também tem o incentivo de liberar poderes novos com essas missões, mas a equipe poderia ter criado situações mais únicas para deixá-las mais interessantes.

Mas ei, ainda é um sistema de missões secundárias bem melhor que o do Second Son!

Já uma característica legal das missões é o UGC, que nos permite criar nossas próprias missões e compartilhá-las ou jogar as missões criadas por outros jogadores, uma função meio inspirada em Little Big Planet. O jogo oferece bastante coisa e com criatividade é possível criar missões bem legais.

E o mais impressionante é que ele ainda está funcionando! Qualquer hora deve parar, mas achei que já estaria desativado!


Visualmente temos uma bela evolução, tanto técnica como artística.

Os modelos dos personagens estão muito melhores, mais naturais e conseguem transmitir decentemente as emoções sempre que é preciso. Os personagens genéricos - que nos passam missões secundárias e coisas do tipo - ainda estão ruins, mas isso não chega a incomodar, os principais estão caprichados e assim as cutscenes da história estão bem legais.

E o cenário está mais agradável, abandonando a paleta monótona de cores do primeiro jogo, que tentava com todas as forças ser sombria. O resultado é uma New Marais bem mais viva e iluminada, o que cria um ambiente simplesmente mais natural e bonito de se ver.

A trilha sonora é muito boa, bem orquestrada e usando muitas melodias de violino e violoncelo, que na minha opinião dão um tom dramático muito bonito. São músicas diferentes para o lado bom e o lado mau, mas todas cumprem muito bem o papel no clima, principalmente em certos momentos decisivos.


InFamous 2 é ótimo e particularmente tenho muito carinho por ele, é um dos meus favoritos do PS3 e de longe o meu favorito da série.

Acredito que ele poderia ter sido mais ambicioso em certos pontos, mas no geral todos os aspectos do jogo me agradam. Gosto das direções em que a história seguiu e gosto ainda mais do gameplay, pois simplesmente adoro a locomoção pela cidade e a Sucker Punch foi bem criativa na hora de criar os usos de cada poder.

É uma experiência muito boa que eu recomendo para qualquer dono de um PS3.

PONTOS POSITIVOS
• Completa muito bem a história e tem dois excelentes finais
• Cole está mais interessante e sua dinâmica com Zeke é muito boa
• Combate cheio de opções e poderes divertidíssimos
• Locomoção pela cidade é excelente
• Gráficos bem mais detalhados e vivos
• Criador de missões é um sistema bem legal
• Trilha sonora dramática e muito bonita


PONTOS NEGATIVOS
• Sistema de escolha não é tão livre quanto poderia ser
• Menu de troca de poderes quebra o ritmo do jogo em certas situações
• Missões secundárias repetitivas

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