Quem jogou lembra: a decisão final de InFamous 2
Eu já falei como gosto dos finais de InFamous 2 na sua análise, mas obviamente não pude entrar em detalhes, então o "Quem jogou lembra" de hoje é dedicado a essa última decisão do jogo e das duas missões que ela pode nos levar.
É claro que hoje teremos todos os spoilers que temos direito, então se você também jogou e lembra desse momento venha comigo!
Sempre que eu pego um jogo da série (ou de qualquer série que me dê opções de moralidade) eu vou primeiro pelo caminho bom e só depois sigo o caminho da maldade, então o final bom foi o primeiro que eu fiz em InFamous 2 e fiquei bem surpreso com o resultado.
Cole foi um dos primeiros protagonistas que vi morrer num jogo, ou pelo menos um dos primeiros que me importei tanto. E além disso ele não só foi um protagonista que morreu, mas um que eu escolhi matar. Diabos, isso muda muito!
Quando eu escolhi o caminho bom eu ainda não tinha certeza de que Cole de fato morreria, afinal é muito comum em coisas de herói termos um clímax envolvendo um "sacrifício", mas que o herói acaba conseguindo evitar de alguma forma mirabolante.
Era isso que eu esperava que acontecesse, principalmente quando temos a cena em que o RFI está pronto para ser ativado e Cole diz "ainda não". Nessa hora eu tive quase certeza que um novo plano entraria em ação e conseguiríamos derrotar a Fera sem o uso do aparelho, mas não, só tivemos mais uma breve luta e então chegava a hora de ativá-lo.
Sinceramente, eu adoro como o jogo deixa momentos tão decisivos na nossa mão. Segurar L1, R1, L2 e R2 ao mesmo tempo e depois soltar é simplesmente uma coisa difícil de se fazer.
O "soltar" principalmente é genial, acho que até é comum ficar um tempo maior que o necessário com os botões apertados, pois o jogador não quer deixar a morte de Cole acontecer, não quer se desprender do personagem que acompanhou por horas e horas. Nesse momento já não dava mais para ter esperança de que algo milagroso aconteceria, ele realmente estava se sacrificando.
Então a gente solta, Cole morre e o resultado é até um tanto consolador. A praga é curada, a humanidade é salva e as pessoas reconhecem Cole como o herói que ele foi. É um final triste, mas que ao mesmo tempo não deixa o jogador frustrado ou decepcionado, a jornada de Cole chegou ao fim da forma mais honrada e heroica que poderia.
E fico feliz que a Sucker Punch não ressuscitou Cole para uma sequência. Não gosto de como lidaram com a história no Second Son, mas trazê-lo de volta seria tirar todo o peso emocional que esse final teve.
Mas ao terminar confesso que meu pensamento foi de fazer logo a jogatina do mal para ver um final menos triste. Nosso personagem pode ser uma pessoa terrível, mas o final deve ser triunfante, certo?
Não, simplesmente não.
Acredito que o final mau é ainda mais triste e impactante que o final bom, pois deixa o jogador se sentindo muito mal com os acontecimentos.
O começo realmente passa a sensação de poder ilimitado e invencibilidade, se a gente se divertiu com o caos no resto do jogo sem dúvida nos divertimos aqui também, voando e destruindo tudo sem nem se preocupar com a barra de energia.
E honestamente não me importei muito em matar a Nix. Tudo bem que ela estava do lado certo dessa vez, mas nem era por um bom motivo (falemos disso depois) e ela não era um personagem com o qual eu me conectei muito bem, então foi uma luta comum.
Mas matar o Zeke... diabos, esse sim foi um momento difícil! Ainda mais difícil que ativar o RFI, eu diria!
Como disse na análise, uma das coisas que gosto nesse segundo jogo é das interações entre Cole e Zeke. A dinâmica entre os dois é muito boa e deixa o clima do jogo mais leve, considerando todo o tema apocalíptico da história principal.
Há poucas missões os dois estavam assistindo faroeste, bebendo cerveja e adormecendo no sofá e de repente o jogo coloca um contra o outro, sendo que Zeke é basicamente indefeso!
Até mesmo para o Cole do mal isso passa dos limites!
E essa é a última parte jogável da história. Não temos um chefão super difícil de derrotar, temos apenas Zeke, que morre com poucos tiros mas que emocionalmente é uma luta muito mais difícil de engolir. Uma luta final grandiosa seria algo de se esperar num jogo de super-herói, mas a Sucker Punch fez diferente e as partes mais memoráveis de cada final focam na emoção e na nossa conexão com os personagens.
O jogo então acaba, com a Fera desistindo da sua missão e passando todos os seus poderes para Cole, que se torna um tipo de Magneto e passa a liderar a raça de conduítes enquanto a raça humana continuava sendo dizimada pela praga.
E,
apesar de preferir o final bom como canônico, não dá para negar que o
final mau tem um potencial fenomenal para sequências. Cole super
poderoso, um mundo pós-apocalíptico perdendo os humanos e ficando
cheio de conduítes de todos os tipos, é um universo que seria muito
interessante de se ver.
De
fato, ao produzir o jogo esse era o final que a equipe pretendia usar
como base para a sequência, mas perceberam que a maior parte dos
jogadores escolheu o final bom e decidiram honrar essa escolha.
E falemos também de como eles invertem os papéis de Kuo e Nix sem se tornar algo absurdo. Não é a forma mais sutil de todas, mas faz sentido.
Kuo simplesmente está com medo. Ela estava traumatizada, teve dificuldade de aceitar seus poderes e seria muito mais difícil aceitar que morreria por ser uma conduíte. Contando do jeito certo, o plano de John não parece tão vilanesco e nesse momento de pânico ela acabou sendo convencida por ele.
Enfrentá-la dá um pouco de pena, mas quando ela aparece toda surrada logo antes da ativação dá ainda mais. Mas pelo menos ela teve um momento de redenção, o que fecha bem o arco dela no jogo.
E se a equipe seguisse o final mau eu não veria problema nenhum em jogar com ela na sequência e vê-la num dilema pensando em tudo que fez. Acredito que ela facilmente se arrependeria de ter traído a humanidade, assim como fez no final bom, e isso poderia trazer vários conflitos bacanas.
Já Nix concorda que a Fera deve morrer e não se importa em morrer junto, mas é óbvio que essa decisão não tem nada de nobre e que ela continua sendo uma pessoa ruim. Ela está simplesmente revoltada com a Fera por ter matado seus monstros e quer vingança, a ponto de não se importar com a própria morte.
De fato ela nunca pareceu se importar com a própria segurança, diferente da Kuo, mas se importava ainda menos com a vida dos cidadãos comuns, então é óbvio que ela não escolheu matar a Fera para salvar a humanidade.
O final de InFamous 2 continua sendo um dos que mais me impactaram nos games.
Como disse antes, na época ainda não estava acostumado com a morte de protagonistas e fui pego de surpresa, mas mesmo jogando hoje ainda considero um final bem emocionante. É um dos motivos para continuar tendo ele um dos meus jogos favoritos do PS3 e de longe o meu favorito da série.
Até a próxima!
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