Twisted Metal 2

Motoristas psicopatas matando uns aos outros com poderes saídos do Mario Kart! Ora bolas, mas que ideia!

O primeiro Twisted Metal pode ter envelhecido mal, mas trouxe um conceito cheio de potencial, um estilo bacana e fez bastante sucesso no seu lançamento, então é claro que a Sony encomendou uma sequência!

Twisted Metal 2 saiu no ano seguinte, mudou algumas coisas da fórmula original e deu proporções maiores ao torneio. Então vejamos qual foi o resultado!

Twisted Metal 2

Desenvolvedora: Single Trac

Lançamento: 1996

Plataformas: PlayStation e PC

Um ano depois do torneio passado, Calypso reúne alguns motoristas para um novo Twisted Metal. Assim como antes, o vencedor da carnificina automobilística terá um encontro com o próprio organizador e poderá ter qualquer desejo realizado.

Ou deturpado a ponto de fazê-lo se arrepender da vitória, é claro!

Calypso já havia sacaneado alguns competidores no torneio passado, mas é aqui que ele verdadeiramente se torna um troll e ferra com praticamente qualquer um. Ele pode realizar seu desejo como você pediu, mas sabendo que isso vai levá-lo à ruína, ou simplesmente usar suas próprias palavras contra você e transformar seu sonho em um pesadelo!

Isso tudo acompanhado de cutscenes animadas ao melhor estilo de histórias em quadrinhos!

O tom que a equipe encontrou para a narrativa aqui é excelente, ele não se leva tão a sério mas tem um clima macabro divertido de se ver. Os desenhos são bem-feitos, os acontecimentos são legais (gosto bastante dos finais do Roadkill e da Grasshopper) e as vozes combinam bem com os personagens. O dublador do Calypso deve ter se divertido um bocado com esse papel!

E a seleção de personagens e veículos aqui é ótima!

Temos vários veículos retornando (com ou sem seus motoristas originais), como Sweet Tooth, Outlaw, Thumper, Roadkill e Mr. Grimm, e uma porção de novos, sendo eles Axel, Mr. Slam, Twister, Shadow e Grasshopper.

É um belo equilíbrio, mantendo alguns favoritos do original e apresentando diversos novatos interessantes.

Twister é um carro de Formula 1 que pode virar um tornado, Mr. Slam é um trator que sai agarrando outros veículos e batendo com eles no chão e Axel é um careca bombado mal encarado preso em rodas gigantes, com metralhadoras nos pés e lança-mísseis nos ombros! Haja criatividade para arrumar conceitos tão loucos!

Para a hora da batalha a equipe trouxe algumas mudanças. O controle do carro agora é ainda mais surreal, sendo possível até girar no próprio eixo estando parado, mas o resultado é muito mais divertido e deixa o gameplay muito melhor.

Não garanto que a primeira impressão seja boa, pois é um estilo muito diferente de qualquer outro jogo de carros e ele tem mais de 20 anos, mas na minha experiência foi rápido se acostumar e a partir daí foi diversão pura.

Os carros leves são ágeis e excelentes para a estratégia "atirar e correr", até porque são fracos e não podem ficar de bobeira, enquanto os pesados são lentos e um pouco desajeitados para as curvas, mas são mais resistentes e também podem sair trombando com os outros e causando bastante dano.

Aliás, durante a produção foi considerado o uso de carros flutuantes, o que faria sentido com esse tipo peculiar de gameplay, mas ainda bem que não fizeram dessa forma, não consigo imaginar Twisted Metal com veículos estilo WipEout ao invés de furgões de sorvete, tratores e viaturas de polícia.

Nosso arsenal também continua muito bom.

Gosto bastante dos golpes especiais e da criatividade que a equipe usou neles, como comentei anteriormente, mas temos muitos outros projéteis para usar. Temos mísseis de vários tipos, bombas detonadas remotamente e também tiros de napalm, que podem incendiar os inimigos e causar dano por mais tempo.

A única coisa que não gosto é que certos ataques, como congelamento, minas terrestres e pulos, são acionados apenas com combinações específicas.

Os comandos não são difíceis, mas ao começar o jogo você não imagina que eles existem, então passa um tempo apanhando mais do que deveria simplesmente por são conhecê-los.

Depois de saber deles tudo fica mais fácil (o congelamento é útil demais) e também mais divertido, então se o jogo deixasse a existência deles mais clara essa diversão já viria logo de cara, o que seria muito melhor.

Até porque os inimigos sempre tentam nos congelar, então ficar apanhando por isso sem saber como revidar é mancada!

Uma parte que também colabora com a diversão é o design dos mapas. Temos oito arenas, dessa vez espalhadas pelo mundo, e no geral elas são muito boas!

Paris tem uma área com vários quarteirões e o entorno da Torre Eiffel, que pode ser acessada e até destruída, dando acesso aos telhados do resto do mapa. Já Nova York se passa toda nos telhados, com os carros pulando de prédio em prédio, atravessando janelas e entrando nos apartamentos.

Fora das cidades temos a Amazônia, com ruínas sobre um lago de lava (a Amazônia é cheia de vulcões, você não sabia?), e a Antártida, onde partes inteiras do iceberg podem se soltar e afundar no oceano! Isso é legal demais!

Aliás, algo muito esperto da parte deles é que até mesmo o design mais simples foi bem aproveitado: a arena da Holanda é só um campo aberto retangular, mas então o jogo nos coloca para enfrentar nove inimigos, o que acaba tornando essa simplicidade num fator muito perigoso!

O modo campanha aqui é mais longo que o do jogo anterior, com oito fases e dois chefões. Também temos um modo "desafio" com batalhas avulsas e o modo multiplayer, que era e continua sendo diversão garantida!

Como disse anteriormente, o gameplay pode causar uma primeira impressão estranha, mas diverte bastante depois que nos adaptamos. Os gráficos, por outro lado, assustam no começo e continuam ruins, o jogo é feio pra diabo!

Não tão feio quanto seu antecessor, mas isso não significa muito na prática.

Novamente a culpa maior é dos cenários, com pouquíssimos detalhes, texturas muito feias e alguns problemas técnicos. Elementos ficam tremendo e piscando conforme nos movimentamos, ás vezes é difícil distinguir se algo distante é uma coisa do cenário ou um inimigo e ao se aproximar de paredes e construções é muito comum que "pedaços" deles fiquem atravessando nosso veículo ou simplesmente aparecendo onde não deveriam.

É o tipo de jogo que nos faz pensar "raios, não lembrava que os gráficos do PS1 eram tão horrorosos" e realmente ele é um péssimo exemplar da capacidade do console. Essa é uma época que envelheceu mal, mas esse sofreu ainda mais com o tempo.

Já a trilha sonora é bem bacana, seguindo um estilo metaleiro que combina demais com a ideia. Temos muitos efeitos sonoros por cima, mas ela consegue aparecer e embala bem todo o caos.

Twisted Metal é uma baita evolução do jogo anterior e não é à toa que é lembrado por muitos como o melhor da série, pois realmente é um dos seus ápices.

Ele envelheceu, mas se você ignorar os gráficos e der uma chance para o gameplay te conquistar é diversão garantida. Uma das melhores coleções de veículos da série e várias arenas bem trabalhadas são mais que o suficiente para entreter por bastante tempo, principalmente se você tiver um amigo para o multiplayer.

Mas se estiver solo pode aproveitar o desafio da campanha e os finais, que têm várias coisas legais e realmente nos motivam a terminar o jogo com vários personagens.

Tudo bem que hoje você provavelmente vai assistir todos os finais num vídeo do YouTube, mas pelo menos em 1996 você teria que vê-los na raça!

PONTOS POSITIVOS
• Ótima seleção de personagens e veículos
• Gameplay melhorado e muito mais divertido
• Arenas muito bem montadas
• Finais legais com boas cutscenes e dublagem
• Modo desafio e multiplayer são diversão garantida

PONTOS NEGATIVOS
• Combinações específicas escondidas para certos ataques
• Gráficos continuam feios