Twisted Metal


Twisted Metal é uma série bacana. Juntar um monte de carros insanos e colocá-los num combate mortal tem algo de genuinamente divertido, quase como uma criança juntando seus carrinhos e batendo uns nos outros loucamente e sem motivo.

Com a diferença que uma criança não imaginaria os pilotos como serial killers, mercenários e seres do submundo, mas isso não vem ao caso agora.

Na infância eu jogava Twisted Metal 3, que é considerado um dos piores da série, e já achava bem divertido, mas com o passar do tempo fui pegando as outras edições, então hoje é dia de começar a analisar essa série pelo original, lançado lá em 1995 para o PS1.

Sabemos que o conceito é divertido demais, mas será que ele envelheceu bem no resto? Pois venham comigo e veremos!

Twisted Metal

Desenvolvedora: SingleTrac

Lançamento: 1995

Plataformas: PlayStation e PC



No distópico futuro de 2005 (sim, você leu direito), um maníaco onipotente chamado Calypso (HAHAHAHA) organiza o torneio Twisted Metal, onde os participantes lutam até a morte em veículos armados e o que sobreviver até o final terá qualquer desejo realizado, não importa o quão impossível seja.

Entre os combatentes temos um palhaço serial killer em busca de um amigo desaparecido, um policial que quer salvar o mundo de todo o mal, um espírito que quer voltar à vida e até mesmo a própria Morte pilotando uma moto.

Quem conhece os jogos da série sabe que as histórias costumam caminhar numa linha bem tênue entre coisas macabras bacanas e bizarrices completamente ridículas. Esse primeiro jogo segue um tom mais macabro, mas é o mais "meh" deles e não consegue empolgar.

Acho que ter os finais apenas em texto é o principal motivo, a equipe não conseguiu transmitir bem os acontecimentos dessa forma. Eles até fizeram versões em live action, que pareciam a fusão de um filme de terror trash com uma novela mexicana, mas foram considerados inapropriados e cortados. Eles eram ruins (tipo ruins mesmo), mas acredito que pelo menos passariam mais personalidade.


Mas ei, já temos a estreia de vários personagens e carros icônicos da série, o que conta vários pontos!

O destaque é o Sweet Tooth, afinal ele é um palhaço psicopata dirigindo um caminhão de sorvete, mas também temos a viatura Outlaw, o caminhão Darkside, o carro monstro Hammerhead e outros, no total 12 personagens/veículos selecionáveis, contando com opções bem diferentes entre si.

Esse estilo sombrio, cheio de personagens sinistros e violentos, é simplesmente perfeito para o tema do jogo! Olha só a cara desse palhaço, ele é simplesmente doentio! E vale dizer que o caminhão dele já tinha um design muito bom logo nessa estreia!


E falemos do gameplay, que basicamente popularizou o gênero de combate automobilístico.

Tudo bem que o gênero nunca foi tão popular assim, mas a fama que teve sem dúvida deve muito a esse jogo, que foi bem inovador e ambicioso.

A batalha começa com os participantes espalhados pela arena e aí vale tudo para ser o último sobrevivente. Algo muito bom do combate é que temos um arsenal bem variado: mísseis comuns, teleguiados, congelantes, minas terrestres e outros ficam espalhados pela fase, além das nossas fiéis metralhadoras acopladas na lataria e dos especiais, exclusivos de cada carro.

Os especiais são um ponto bem legal  e influenciam bastante na hora da escolha: o Sweet Tooth, por exemplo, lança um projétil flamejante bem poderoso, enquanto o Outlaw dispara um raio da sua sirene, bem menos destrutivo mas que acerta qualquer carro ao redor sem precisar mirar.


O maior problema do gameplay é que a direção em si é bem estranha, ou simplesmente envelheceu muito mal, pois é difícil de se acostumar.

É compreensível que o controle do carro seja totalmente surreal, afinal é preciso agilidade e versatilidade na hora dos confrontos, mas o que temos é um sistema leve demais e escorregadio, é difícil agir com precisão e é muito fácil perder o controle.

Depois de um tempo pegamos o jeito, mas para mim nunca chegou ao ponto de ser agradável ou mesmo natural, sempre passou uma sensação muito esquisita.

E isso afeta bastante a diversão, pois vários confrontos acabam se tornando uma coisa confusa e no final das contas acabamos levando um dano absurdo. Honestamente, a maior diversão que tive foi com o código de invencibilidade, pois pelo menos eu não precisava me preocupar com o meu desempenho.

Não gosto de comparar jogos com suas sequências quando estou analisando, mas esse seria o principal motivo para não jogar esse e ir direto para uma das sequências.


Não joguei o multiplayer enquanto analisava, mas ele também está lá e é uma ótima adição, pois o modo single player é bem curto, ao menos que você queira zerar com todos os personagens.

Claro que hoje não faz sentido reunir os amigos para jogar especificamente o multiplayer desse primeiro título, mas lá em 1995 devia ser a atração principal para a garotada.


Twisted Metal foi lançado no começo da vida do PS1, quando os gráficos em 3D estavam dando seus primeiros passos e dá para perceber, pois olhando hoje ele é feio como uma batida de trem!

Isso é mais gritante nos cenários, que já são locais destruídos e deliberadamente feios e sujos. As construções são bem simplórias com poucos detalhes, além de terem texturas pixelizadas e distorcidas, que ficam horríveis em movimento.

Efeitos de explosões, que naturalmente aparecem aos montes, também são bem feios.

Os modelos dos carros são melhores, pelo menos, e até mostram o dano recebido, ficando bem detonados quando estão beirando a destruição.


Aliás, algo que me surpreendeu é que é possível jogar em primeira pessoa! Os interiores são feitos em 2D, mas é simplesmente curioso ver que existe essa função e é muito diferente jogar dessa maneira. Seria legal se tivessem seguido com essa ideia nos outros jogos!

Já a trilha sonora passa despercebida. O tema principal que toca no menu é legal, mas durante o jogo você realmente não presta atenção na música de fundo, pois os acontecimentos do jogo são barulhentos e nunca dão espaço para qualquer outro som.


Twisted Metal é o típico jogo que foi bem ambicioso no seu lançamento, mas que envelheceu extremamente mal.

Não dá para odiá-lo, afinal ele trouxe um conceito divertidíssimo, uma personalidade bacana e abriu o caminho para vários outros, mas as suas sequências (e alguns outros jogos que seguiram o conceito) aprimoraram a fórmula em todos os aspectos, então também é difícil recomendá-lo.

Se você jogou na infância ainda tem o fator nostalgia, que pode deixar as coisas mais divertidas, mas em outros casos só recomendaria como curiosidade para quem já é fã da série.


PONTOS POSITIVOS
• Conceito muito divertido com um estilo que encaixa perfeitamente
• Vários carros e personagens interessantes e icônicos da série
• Arsenal bem variado para o combate
• Multiplayer divertido


PONTOS NEGATIVOS
• Controle do carro é escorregadio e difícil de se acostumar
• Gráficos bem feios
• Campanha single player bem curta

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